Causa justa

5 ago • Sem categoriaNenhum comentário em Causa justa

Cada vez que passo por um grupo de garis, alcanço um dinheirinho para eles. Ganham mal, lidam com lixo fedorento e insalubre, chova ou faça sol, protegidos por capas que não atacam o frio.

Quero uma casa no campo

Como na música de Elis Regina, eu também queria que tivesse condições para mantê-la. O ser urbano não tem ideia das dificuldades em viver em lugares ermos.

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O ser urbano também desconhece que viver em pequenas cidades do interior, sonho de uma noite de verão ited dura por três ou quatro meses. Depois bate a saudade da cidade grande e seus serviços ao alcance do celular.

Sonho de jornalista

Nos anos 1960, o sonho dos jornalistas e alguns profissionais liberais era abrir um bar-chope. Como fregueses, parecia fácil. Na prática, os que compraram ou abriram um, assistiram o arrependimento vir a cavalo.

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Um grande amigo muito chegado já falecido, Roberto Marcantônio, que Deus ou outro ser cósmico o tenha na santa paz, comprou o Bobs’s Bar, no início da Cristóvão Colombo, número 36. Algum tempo depois ele me disse que o sonho virou pesadelo.

Ovelha não é pro mato

Acordar de madrugada para ir a um açougue de confiança, ir na Ceasa para comprar tomates, alface etc, rezar para que o garçom vá trabalhar, repor copos e pratos trincados ou quebrados, rezar em dobro para que a cozinheira venha e não esteja de mau humor, ouvir reclamações, às vezes, descabidas de clientes e, ainda, ter que dar explicações, um inferno. Vendeu com prejuízo.

Bonito vista de cima

Aqueles documentários sobre gente que escolheu viver longe da civilização são bonitos só em vídeo. Tem que caçar ou pescar para comer, derrubar árvores para ter lenha, torcer para não  ficar doente, só alguém muito corajoso para encarar. E sem padaria por perto.

Quando aparece um buraco na rua da cidade grande, o morador faz um escândalo. No interior, às vezes, nem tem estrada para ter buraco. No entanto, é no interior que está o dinheiro. Porto Alegre é uma cidade de baixa renda. Sobra parte do funcionalismo público e os ricos por natureza, que se encastelam em condomínios fechados ou prédios de alto-luxo com todos os serviços.

Má ideia

Uma coisa me deixa triste ou irritado. Nos anos 1950, 1958 para ser mais preciso, o Brasil optou pelo modal rodoviário. Decretou-se o fim das ferrovias, as hidrovias foram deixadas de lado em nome dos caminhões.

O que aconteceu? Mal e porcamente temos rodovias dignas deste nome, a maioria dos rios estão assoreados e o trem leva cargas em trechos também cada vez menores. Aos poucos, só os nostálgicos do trem de passageiros se lembram deles.

Quer dizer, rodoviarismo sem estradas é pra matar. E como matam. E de alguns anos para cá, são mortos em grupo, choques frontais que dizimam famílias inteiras.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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