Bom dia aos pagos
Um causo do alegretense José Augusto Ferrari contado no seu belo livro “Alegrete cuentos y versos”. Fala de um radialista famoso, o Auri Dornelles, que comandava o programa de rádio Bom Dia aos Pagos, sucesso absoluto da emissora alegretense.
Trabalhei na agência de publicidade SGB com um irmão dele, o Amauri, gente fina, em 1973. Gostaria de saber por onde andaria hoje. É preciso ter em mente que, no Alegrete, as distâncias são enormes, e o rádio é fundamental para enviar recados às estâncias e lavouras de arroz.
Existe um sem número de histórias sobre estes programas, como o aviso de um pecuarista para sua mulher, com várias versões, tipo “Alô, dona Maria, o patrão manda avisar que o negócio da égua tá fechado, mas o dele tá de pé”.
Este, relatado no livro do Ferrari, fala de uma ouvinte que pediu ao Auri que informasse o pai que a mãe havia falecido, mas pedindo muito cuidado porque ele sofria do coração. Auri mandou brasa.
– Atenção Fulano de Tal, no Durasnal! Venha urgente pra cidade que sua esposa está hospitalizada e não passa bem.
Após o aviso, conta Ferrari, o Auri arrematou:
– Já vem de luto, índio veio!
Comigo também aconteceu algo parecido. Felizmente menos grave. Num feriadão na época do Plano Cruzado, anos 1980. Deu-se que peguei o trem húngaro para o Alegrete e, a partir de Cacequi, tudo deu errado – acabei em Uruguaiana sem querer. Mas essa já é outra história.