Barbeiragem
Antes do advento digital, candidatos nas eleições proporcionais precisavam gastar uma grana federal nos santinhos, distribuídos à revelia nos comícios e no corpo a corpo com o eleitor. Sem eles e painéis improvisados fincados nas ruas, as chances eram poucas.
Nos anos 1980, um barbeiro com salão no Centro Histórico aprochegou-se na mesa 1 do Restaurante Dona Maria e distribuiu seu acanhado santinho para os integrantes. Sem pedir licença, comentou suas chances de ser eleito deputado estadual.
– Já distribuí 40 mil daninhas, e, mesmo sendo modesto, farei pelo menos 20 mil votos.
Fez quatro. Não quatro mil, quatro: um, dois, três, quatro.