Bar doce bar
Os Discocuecas, um divertido conjunto que fez sucesso na Rádio Gaúcha a partir dos anos 1970, teve seus momentos. Um dos mais destacados foi Beto Roncaferro, um mix de publicitário, compositor, cantor e sei lá quanta coisa mais ele sabia fazer bem.
Na segunda metade dos anos 1970, o falecido publicitário Jorge Salim mudou a sede da sua agência Arauto para uma mansão no Morro Santa Teresa. E, entre os convidados para a nova fase, estava o Beto Roncaferro.
Artista é artista, vocês sabem. E o Gordo Salim entendia bem isso porque foi empresário de grandes nomes da música popular brasileira. Até do Roberto Carlos. Então resolveu deixar o novo funcionário bem à vontade.
– Tem espaço de sobra, então o Beto vai trabalhar num bar, fica mais criativo – me contou o Turco.
De fato, em uma das salas ele mandou construir um bar de verdade, balcão, tamboretes e bebidas, muitas bebidas, da cachaça ao Chivas. Então o Beto ia e voltava do bar sem sair da agência. Volta e meia, o Salim mandava chamar o Beto para alguma tarefa, criar um jingle, algo assim.
– Ele tá no bar – fala o boy. – Pediu pro senhor chamá-lo mais tarde. Mas ele pediu pra dizer que está criando.
O Salim, de repente, deu-se conta de que bar em uma agência de propaganda não era exatamente uma boa ideia. Um dia, ele meio que deu uma bronca com o Beto. Chamou-o para sua sala e deu o recado de ser criativo também fora do espaço etílico.
– Salim, a ideia do bar foi tua. Eu até estranhei, mas ordem de patrão não se discute, se obedece.
E voltou para o bar.