As bolachas de beber
Nos tempos em que Porto Alegre estava cheia de bar-chopes, casas que eram do ramo de comes & bebes, não raro, mais bebes que comes, o negócio era aliar chope com pratos que cada bar oferecia como peça de resistência. Hoje seriam chamados de bistrôs.
A cada pedida da loira em copo de 300ml, o garçom trazia uma bolacha correspondente. Se o sujeito fosse bom de copo, notava-se pilha de 7, 8 ou mais bolachas.
Era a identificação dos “gambás”, esses marsupiais que, na versão humana, bebem álcool. Aquilo incomodava, embora parte dos borrachos profissionais gostasse de ostentar.
Ocorria, como hoje, que muito borracho mau caráter escondia ou rasgava uma ou mais bolachas para diminuir a conta. Eu já tinha ouvido falar.
Mas, quando fui à Alemanha, comprovei que lá as cervejarias não amontoavam esses comprovantes de despesa de papelão. Só vinha a ́ primeira e, nas subsequentes, o garçom fazia uma marca indelével com lápis especial, impossível de apagar.
Paga e não bufa. Só duas ou três décadas depois, os donos de bares descobriram o sistema e passaram a adotá-lo, como se observa hoje. Então que não se diga que os teutos não são criativos.