Na loucura, o normal

28 jul • NotasNenhum comentário em Na loucura, o normal

O mundo está louco e o Brasil está bem normal. O mundo nunca experimentou uma loucura em tempos de paz. E, agora, com o dinheiro emitido pelos governos para auxiliar as empresas a sobreviver durante a epidemia veio a fatura: a inflação.

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Inflação é excesso de dinheiro no mercado, dinheiro que foi emitido sem lastro em atividade econômica. Em resumo, giraram a maquineta das respectivas Casas da Moeda. Dilma Rousseff fez isso no seu mandato final para dar a bolsa-família que hoje o governo dá com outro nome. Por isso o mundo se descabela e sobem os juros mais abruptamente que o alpinista faz rapel.

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Capacidade de adaptação

Existe uma história interessante sobre os tempos da hiperinflação no Brasil, inflação que chegou a 2.800% durante o governo José Sarney. Os europeus invejavam os economistas brasileiros porque, mesmo com essa dose cavalar de inflação, eles conseguiam tocar o dia a dia das suas respectivas empresas.

Tínhamos mecanismos de defesa, com overnight e outras estratagemas financeiras, antes da genial URV, que emparelhou a moeda até que o Real surgisse substituindo a moeda e também a URV, Unidade de Referência de Valor. Um economista alemão me contou dessa inveja.

Passa-se o tempo e cá estamos nós de novo com inflação alta, em torno de 11% ao ano, nem perto do que já tivemos. A julgar pelos indicadores, em menos de um ano, estaremos na faixa dos 6,5% a,a.

E por que a Argentina, com taxas de mais de 9% ao mês não sente tanto o golpe proporcionalmente a essa elevada taxa? Porque eles dolarizaram a economia há muito tempo. argentino sempre foi de guardar dólar embaixo do colchão, era o país com menor número de gente com conta em banco. E hoje pode-se abrir conta em dólares.

É outra fatura que virá. Entrementes, nós brasileiros não estamos tão malucos, financeiramente falando, porque temos mecanismos de defesa com aplicações para todos os prazos e gostos, Tesouro Direto, CDB de 30 dias, pós-fixado , CDI e o escambau. 

Ruim é para o pequeno assalariado, que não sabe nem desconfia que pode perder menos dinheiro, embora os bancos hoje prestem esse tipo de informação para os clientes. Na realidade, perdemos poder de compra por causa da peste que destruiu boa parte da economia. O vírus é um agente terrorista, um hacker do dormir bem de noite.

O medo é outro

O que pode causar soluços no mercado é alguma crise de rua, alguma tentativa de bagunçar o coreto constitucional. Se acontecer, porque ainda acho que cão que ladra não morde, como diz o provérbio. O desassossego maior é a volta do aparelhamento do Estado, caso Lula vença. E uma terceira via tem menos de dois meses para dizer presente. 

Há sinceridade nisso?

Não que as pesquisas sejam forjadas, mas o modo como se coloca a ordem das palavras em uma pergunta pode mudar tudo. Por isso, e porque uma pergunta só não exaure a intenção de voto do pesquisado, não acredito que Simone Tebet do MDB tenha só 3%. E se tiver, acredito que ela tem condições de subir bem na parada.

A Rede Globo entrevistou os candidatos a presidente. A audiência obtida quando entrevistaram Simone Tebet foi 80% maior que a dos outros candidatos. Sinal de interesse no que ela diz, é o óbvio ululante. Se vai evoluir da curiosidade para o voto nela só o tempo dirá. E o tempo dela é curto.

Lutas intestinas

O que me cansa é ver grupos de WhatsApp brigando entre si mesmo tendo objetivos e candidato em comum. Alguns parecem até a esquerda com o sinal contrário. E os jornais, meu Deus, é samba de uma nota só em riba do capitão. Pode até ser, mas não deveriam sonegar informações aos leitores como fazem hoje.

A mulher que não troca o vestido

Também eles receberão a fatura mais adiante. Parte dela já veio, queda no número de assinantes e queda de tiragem. Na verdade, há outras causas, incluindo a internet, jornais digitais, redes sociais e plataformas que te mantém informado.

Há uma causa maior, e nada a ver com o fim do furo no jornal impresso. Há anos grito e me esguelo dizendo que os jornais não estão oferecendo aos leitores o que eles gostariam de ler. Até plasticamente, as capas também são as mesmas há mais de 120 anos. Como uma mulher que nunca troca de vestido.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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