Alegrete, baita chão

6 fev • NotasNenhum comentário em Alegrete, baita chão

Nos anos 1970, houve uma febre de colocar adesivos em carros com o slogan da cidade onde os motoristas nasceram ou moravam. Assim, Alegrete era “Alegrete baita chão”, “Bom é Campo Bom”. O jornalista João Carlos Terlera, que era de Muçum, bolou um adesivo onde se via duas mãos segurando o peixe de cor preta Mussum, com formato de cobra, que é muito difícil de segurar. Abaixo da imagem, lia-se o texto primoroso: “Ninguém segura Muçum”.

Lembrei dessa história ao ver uma foto batida por minha filha Fabíola, mostrando o Super Peruzzo, do Alegrete, com um trecho do Hino Nacional da terra – não é “de” é “do”. Nem precisava de slogan, a letra da música Canto Alegretense, de Bagre Fagundes, que era e ainda é conhecida até fora do Brasil.

Confissão

Perguntam se vou pular Carnaval. Não consigo nem pular uma só vez, o que dirá durante uma noite inteira.

O que acontece, ZH?

Vamos ser justos. Em feriados e mesmo em finais de semana comuns, o único jornal digital que é atualizado várias vezes por dia é o Correio do Povo. A ZH parece um burocrata, que toma café, vai para o escritório, almoça e, depois do meio-dia, volta para casa e só retorna de tarde.

Em períodos críticos o leitor não fica sabendo de nada, como no temporal de domingo na grande Porto Alegre. O Correio do Povo dá informações pertinentes, mesmo para quem não é assinante. A Zero Hora só falou no Planeta Atlântida, que a RBS promove.

O mundo como ele é

Eta mundo velho sem porteira, dizia-se muito antes da globalização, nos anos 1960.  Com o barateamento das passagens aéreas e prestações a perder de vista, hoje até quem ganha alguns trocados pode viajar.

Mas não é deste mundo que quero falar. O turista é um predador,  deixo bem claro.

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Onde passam chusmas deles tudo resta destruído, lixo plástico  nos rios e mares. Tudo que é bonito vira feiura.

Não é a toa que cidades como Veneza dizem abertamente que não gostam de turistas, que  estragam a bela cidade dos canais e de Romeu e Julieta. Há um movimento mundial neste sentido.

O mundo submerso

É o que aparentemente parece estar na superfície. Não é de estranhar, porque no fundo o ser humano tem outro por dentro e esse é um animal violento.

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Para alterar a consciência, usam drogas lícitas e ilícitas, da inocente cerveja até o inferno das anfetaminas injetáveis. Não há salvação depois que se entra nela.

A maldição do doutor

Há décadas, um homem passeava sua elegância na Rua da Praia, Centro de Porto Alegre. Sempre de terno sob medida de linho branco, gravata vermelha e um cravo vermelho na lapela.

Acontece que nosso bom doutor era muito chegado a um bom uísque. E exagerava a tal ponto que, no meio da tarde, o terno estava todo manchado, sujo de tantas quedas na rua.

Certo dia, eu e o chargista Sampaulo levamos o doutor Caveira – assim chamado porque era muito magro e rosto encovado – para um lero no particular. “Você é elegante, mas a bebida te estraga. Olha teu estado pela tarde”, disse o Sampaulo. “Bebe algo mais leve, como Malzbier, cerveja meio doce. Ele concordou.

Horas mais tarde, passamos na frente do Bar Leão, e vimos o nosso amigo bebendo Malzbier no Bar Leão. Bem, menos mal. Passado um tempo, deparamo-nos com o doutor  caído na calçada, todo sujo, desorientado, uma lástima.

O Sampaulo então chamou o garçom.

– Mas como isso foi acontecer? Ele estava bebendo cerveja!

O garçom deu de ombros.

–  Certo, mas ele bebeu uma dúzia…

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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