Aí que preguiça

25 jan • NotasNenhum comentário em Aí que preguiça

O falecido professor Joaquim Felizardo costumava dizer que de monotonia o Brasil não morre. Pois estou revendo essa máxima em que tanto acreditei. O Brasil é país mais monótono do mundo. Desde a Proclamação da República, nascida de um golpe de Estado, vivemos de golpes, um atrás do outro. Não temos jeito.

O cocô eterno

Ao longo do século XX foi uma monotonia só. Mudavam as moscas, mas o cocô era o mesmo. Sobressaltos, planos econômicos em série, trocamos seis vezes de moeda, corrupção no atacado e varejo, doenças anabolizadas pela mídia – a função do jornal é alarmar o povo – é sempre mais do mesmo.

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Quem matou a surpresa?

A TV brasileira fez novelas usando os mesmos arquétipos, o trauma, a separação, a injustiça, a volta por cima, essas coisas assim tão banais em que só trocam os figurinos, as épocas e os atores.

Exceções poucas, citaria Beto Rockfeller, Saramandaia, apenas boas histórias contadas de forma bem humorada. Depois vieram com esse apelo de abordar problemas sociais. Termina a novela, os problemas sociais seguem na mesma.

https://cnabrasil.org.br/senar

O Brasil é uma novela repetida.

Pandemia, essa chatice

Querem coisa mais chata que o coronavírus? E sempre tem uma coisa, vacinas, discórdia, a ciência tateia, e as farmacêuticas enchem o fiofó de dinheiro.

Se tem tanta crise é porque deve ser um bom negócio, como disse Jô Soares.

Barba

Entre as chatices masculinas, tem coisa mais monótona do que fazer a barba todos os dias?

Politicamente

E para estreitar ainda mais nossa incapacidade de contar histórias, veio o abominável politicamente correto. Chega um ponto em que a rotina é tão torturante que pedimos que aconteça alguma coisa diferente.

Se for para melhor, ótimo. Se for para pior, pelo menos é uma novidade.

Twitter?

Já existia, mudou só o canal. Era chamado de mosquitinho.

Frases curtas escritas em laudas de papel (laudas) carbono. Dava para botar umas 30 numa lauda, vezes 6=180. Depois era só pegar a tesoura,  recortar e distribuir a quem interessasse.

E-mail?

Já existia. Eram textos maiores multiplicados por cópias obtidas por um aparelho chamado mimeógrafo que exigia álcool. Era distribuído em forma de cartas. Antecessor do xerox e hoje do compartilhamento, no Face.

SMS?

Mesma coisa que o Twiter.

Dava mais trabalho? Sim, mas não precisávamos conferir o celular a toda hora.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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