A velhice instantânea
Nos anos 1970, dizia-se que não existe nada mais velho que o jornal impresso de ontem. Veio a Internet e se dizia que nada mais velho que o jornal de hoje.
Como boa parte das redações só atualiza as edições eletrônicas por turno, enquanto os sites de notícias de última hora, de forma instantânea, nada mais velho que a edição virtual do jornal de hoje.
A verdade maltratada
Muda tudo, mas não muda a notícia. Essa maltratada informação que é colhida por alguém no lugar em que ela acontece e depois entra na cadeia da informação mutilada ou turbinada pelo artista de plantão, nada mais deturpado que o fato original.
O ponto do conto
A versão impressa lembra um antigo ditado “quem conta um conto aumenta um ponto”. Do primeiro repórter ao texto, que é comprimido para caber no espaço com o respectivo título, há uma sucessão de deformações, a começar pela fonte original.
Até chegar nas redações o fato passa por uma série de etapas, com aumento ou diminuição do texto. Quem a redigiu não faz o título ou o faz só como sugestão. O editor o adequa também pelo espaço disponível. Já quem decide se a matéria vai ser chamada de capa ou manchete também é outro profissional.
Somando a magreza das redações devido à crise publicitária, e levando em conta a impossibilidade de rastrear todos os acontecimentos, estamos contando a História como ela não é.
A forma
Para piorar, nos tempos que correm, muitos repórteres amparados pelos editores não reportam, emitem opinião. Ele sai para cumprir a pauta com uma forma pré-concebida do que vai encontrar. Se a realidade não cabe nesta forma, a realidade é que está errada.
Atualizando o ditado: quem conta um conto muda um ponto.