A represa que engolia próteses
O jornalista e escritor Sérgio Jockymann contou, no extinto jornal Folha da Tarde, um belo causo dos anos 1950. Inaugurou-se uma barragem lá pras bandas de São Chico de Paula.
Veio todo o mundo oficial, governador, presidentes dos poderes. A fita inaugural ficava no alto da barragem. Alguns papagaios de pirata quase caíram na água, porque esse modelo não voa.
Então vieram os discursos. Chegou a vez do prefeito. Todo retaco na sua fatiota nova. Ajeitou o microfone de haste, puxou um calhamaço de papel da grossura da bíblia. Arrumou a garganta com um pigarro forte e abriu a boca para falar, fala que transmitida para a emissora de rádio local e para vários alto-falantes espalhados na área.
Desastre. Sua dentadura caiu dentro da barragem. Quinze metros de fundura, como mediu mais tarde um mortificado correligionário. Silêncio total. Depois de um longo tempo, o alcaide boca murcha conseguiu articular uma mensagem radiofonizada de desespero.
– Efa não! E’fazia a reprefa!
Teve também o caso parecido envolvendo um jornalista quem gostava de umas cangibrinas . Quando tomava umas cachaças a mais, tinha a mania de esconder sua dentadura em algum lugar do quarto do hotel onde morava.
Na manhã seguinte, ligava para os companheiros de libação da noite anterior e disparava o SOS dos sem-dentadura.
– Vofês não fabem onde diabof eftá minha dentadura? Que bofta! P’erdi de nofo meuf dentef!
E a gente lá ia saber?