A queda do cavalo

27 jul • NotasNenhum comentário em A queda do cavalo

Os especialistas em bolsa estão tentando entender porque as ações ON (com direito a voto) das Lojas Americanas caíram em torno de 20% em uma semana. As explicações são várias e técnicas, nada a ver com a solidez da empresa. Aliás, os papéis da Magazine Luiza também caíram do cavalo. No primeiro caso, tem a ver com reorganização societária – que vai ficar com os mesmos três sócios, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, com ênfase no primeiro. Também controlam a gigante mundial InBev.

https://mla.bs/f633fc52

Os três mosqueteiros

É interessante a história desses três mosqueteiros. Leman, 81 anos, o líder, começou como repórter de economia do Jornal do Brasil. Foi crescendo e aparecendo e, numa manobra sutil, comprou as Americanas, cujo capital era pulverizado. Nos anos 1990, foi a vez da Brahma.

https://cnabrasil.org.br/senar

Os controladores foram dormir nesta condição e acordaram no berço do Lemann. Conheci a família que fundou a cervejaria gaúcha. Era dos tempos em que se amarrava cachorro com linguiça e dormiram no ponto. Começavam os novos tempos e o reinado dos empresários ultraligeiros.

Subindo por baixo

Ao assumir a Brahma, todos eles tiveram que fazer o curso da bolacha do chope e da tampinha da garrafa da cerveja. Cervejaria é ponto de venda e ponto de venda é logística sagaz. Lembro que a revista Exame da época mostrou Sicupira subindo na boleia de um caminhão de entrega da cerveja da Brahma. Explicou que não entendia nada de cerveja, então  tinha que começar por baixo. Ficou craque no assunto.

Parênteses

Sempre acho interessante e um pouco melancólico que a imprensa defina um empreendedor pelo dinheiro que tem, e não pelas várias etapas para chegar lá. No caso de Lemann e sócios, esta é a parte interessante. Fecha parênteses.

Na briga mar e rochedo, venceu o marisco

Há uma história curiosa sobre a briga de mercado das então Antárctica e Brahma.  O carnaval carioca era patrocinado pela Brahma, e a cervejaria paulista ficava com o carnaval da pauliceia desvairada. Em determinado ano, acho que na década de 1980, resolveram trocar os papéis. Findo o tríduo momesco, o Instituto Nielsen, que cuida dessas coisas de consumo, descobriu que nem Brahma – em São Paulo – nem a Antárctica – no Rio – teriam vendido mais cerveja do que a Skol.

Furo da bala: a Skol tinha mais pontos de venda em ambas as praças, e melhor reposição. Quem não é o maior tem que ser o melhor.

Quem há de saber?

Como na música de Lupicínio Rodrigues, às vezes a mídia se mete de pato a ganso na arte de adivinhar o que se passa em uma cabeça distante. Disseram que o general Eduardo Ramos ficou bravo por ter perdido a Casa Civil. Ele nada falou e nem tem foto dele fazendo beicinho para o Capitão. Só se o Oráculo de Delfos deu cria no Brasil.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »