A palavrinha mágica que rege o mundo financeiro
De tempos em tempos, o mundo das altas finanças é sacudido por uma série de vendavais com potencial de furacão categoria 5 e terremotos 9.0 na Escala Richter. Aquela que mede a potência do sismo, não os estragos na superfície.
Essa que faz é a Mercalli e vai de 1 a12, que é destruição total. Fala-se 9 na Richter porque nunca houve um muito além de 9. Pois bem, terremoto 9 houve na quebra da Bolsa de Wall Stretti em 1929, cujos efeitos duraram mais de uma década.
Muito bem, ao assunto.
Digamos que meu amável leitor tenha ganho a bolada da Mega Sena que corre amanhã, 54 milhões. Os vivos tratam de transferir parte para familiares e os não-muito vivos botam a boca no trombone de tal forma que até pastores do Nepal sabem que ele ganhou.
Os vivos de verdade esperam algum tempo. Depois tiram o dinheiro de forma discreta. Já os supervivos não contam nem para a família por um bom tempo. E aí vem a pergunta sobre o que fazer com esse capital para que dê renda sem perder o principal.
Há poucas possibilidades de fazer dinheiro em cima de dinheiro. E muitas formas de perder dinheiro em um upa.
Nos anos 1980, um maquinista da ferrovia da Vale do Rio Doce ganhou uma Mega acumulada. A primeira coisa feita foi comprar a locomotiva em que trabalhava.
Os vivos compram imóveis, mas o aluguel está baixo e até mesmo escritórios estão foram de moda. Poupança é um bom caminho, mas recorde-se que a poupança sempre foi o pior dos investimentos. CDB de 30 dias, ok. Fundos de Renda Fixa nestes tempos… fuja deles. Fundos de renda variável são piores ainda.
Agora vamos a um exemplo inverso. Na mesma década, um funcionária de loja de construção de Osório (RS) também ganhou uma boa soma. Mas nada igual à do maquinista mineiro.
A primeira coisa que fez foi trocar sua TV preto e branco por um colorida e deu. Já o maquinista ficou pobre em poucos anos. Qual dos dois foi supervivo?
Digamos que você resolva aplicar seu dinheiro no exterior. Em banco suíço, teoricamente, os mais estáveis? O caso Credit Suisse foi uma tonelada de água fria.
Quer dizer, ou aplica em commodities metálicas, ouro prata ou outros metais valiosos, ou abre seu negócio – desde que entenda do ramo. Há um leque de opções, mas tudo depende que não desapareça uma simples palavrinha que rege o sistema bancário de todo mundo.
A confiança.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
