A noite do esquecimento

12 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em A noite do esquecimento

Um cantor que muitos achavam brega, mas que, ao seu modo, era bom pra burro, foi Reginaldo Rossi. A música Garçom – “Aqui, nessa mesa de bar/Você cansou de escutar/Centenas de Casos de amor/Garçom/No bar todo mundo é igual” – é antológica.

Eu tenho o pé na jaca sim. Mas me diga se letras que são cantadas como “Taravesseiros sortos…” e chamadas da zona do interior com show de “Conchita de Los Rios – Completamente seminua” não tem lá seus encantos.

No caso de “taravesseiros” é cacoete de rádio de prolongar consoantes. Impropriamente chamada de música sertaneja, duplas como Matogrosso & Mathias cantavam dores do coração suburbano, como a inigualável “Boate Azul”. Começa com

“Doente de amor procurei remédio na vida noturna
Como uma flor da noite em uma boate aqui na zona sul
A dor do amor é com outro amor que a gente cura”.

Quem gosta de palavras bem arrumadas com sínteses perfeitas não pode deixar de admirar outro trecho da Boate Azul:

“E quando a noite vai se agonizando no clarão da aurora
Os integrantes da vida noturna se foram dormir.”   

Tem uma composição de Tião Carreiro com passagem de arrepiar.     

Que bom se gente pudesse               
Afastar do pensamento               
Sepultar a saudade               
Na noite do esquecimento

Ninguém da geração depois da minha entenderá o clima dos cabarés dos anos 1960. Os integrantes da noite éramos nós.

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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