A mão do tempo

3 jul • NotasNenhum comentário em A mão do tempo

Quando se diz que esse mundo é uma gangorra, podem crer, não existe imagem melhor para definir esse planetinha metido a besta que come torresmo e arrota peru. Começando pelo próprio tempo, a meteorologia.

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A Europa, os Estados Unidos, o Hemisfério Norte como um todo, estão sofrendo com calor acima da média, posto que lá é verão. Na outra ponta da gangorra, o Hemisfério Sul, a mão do inverno, só faz cócegas por enquanto.

É assim em tempos de El Niño. Muita chuva no Sul do Brasil, inverno menos rigoroso, pouca chuva no Nordeste e Sudeste.

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Poderemos ler, dentro de algumas semanas ou meses, que a falta de chuva castiga os reservatórios das hidrelétricas destas regiões, ameaçando o abastecimento de energia. Ano passado e nos dois anos anteriores, a estiagem castigou o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná. Então, mais uma vez é a gangorra. Um levanta e o outro desce.

A gangorra do poder

Foi a mesma coisa na última eleição. Bolsonaro caiu, Lula subiu, e ficará em cima até as coisas começarem a dar errado, se é que vão.

Enquanto isso, Bolsonaro foi tornado inelegível pelo TSE na sexta-feira. Então, Lula subiu mais com um inimigo de peso fora do jogo? Não necessariamente.

Para o capitão, o pior seria ele ser absolvido e ficar no limbo até 2026 ou nas municipais de 2024. Como não ocupa cargo público e está de fora, não teria como botar a cabeça de fora.

Mas ele foi defenestrado. Então, politicamente, é muito melhor para ele.

A gangorra, de novo

Bolsonaro poderá gritar aos quatro ventos brasileiros e do exterior que foi injustiçado, que é perseguido pelo Judiciário e Ministério Público Federal, que as cortes superiores brasileiras conspiraram para ele cair de banda de uma vez por todas. Só que não.

Inelegível, terá muita vitrine pela frente. E a gangorra pode ajudá-lo, se as circunstâncias não favorecerem Lula e/ou a inflação mais o  baixo crescimento da economia.

Gravidez relativa

Do ponto de vista de prestígio internacional, Lula caiu vários degraus na escada da admiração. Suas desastradas declarações no exterior, quase culpando a Ucrânia pela invasão russa, decepcionaram não só os europeus como a esquerda internacional.

De volta ao Brasil, ainda justificou o regime venezuelano. O que ele falou sexta-feira, que a democracia é um conceito relativo, jogou o Brasil de novo na vala comum da mediocridade latina. Em poucas palavras, Lula criou a meia-gravidez.

Tudo tão estranho…

Sinceramente, eu fico espantado como o presidente perdeu a noção sobre os fatos. Logo ele, que era um ás em esgrima diplomática e política.

Por enquanto, Lula governa com os dois pés mergulhados na ideologia. Vai dar dinheiro do BNDES para o regime de Alberto Fernández só porque, em outubro, a Argentina terá eleições presidenciais. Então, é dinheiro eleitoral.

E, claro, porque o atrapalhado presidente argentino é companheiro.  Detalhe: o ministro da Fazenda Fernando Haddad desaconselhou o chefe a botar dinheiro bom em cima do dinheiro ruim.

Tudo que sobe desce

A gangorra é precisa porque ela não erra nunca. Assim como a natureza abomina o vácuo, a mão do tempo é a alavanca para o subir e descer.  Por enquanto, o presidente olha a paisagem de cima. Mais adiante, não se sabe.

Vai precisar de toda sorte do mundo e mais um pouco. Por enquanto é lua de mel. Literalmente.

O viaduto e a bebida

A ordem dos fatores altera o produto, sim, senhor, menos na matemática. Nos tempos irreverentes do colégio dizíamos “a ordem dos tratores não altera o viaduto”, o que tem sua lógica. Enfim, vamos a um teste prático de como altera mesmo.

Dá para usar o exemplo do executivo que se candidatou a um emprego e o novo quase-patrão ouve um amigo que conhece o candidato, que assim fala sobre o buscador de emprego.

      – Ele é muito bom, pena que bebe.

Deu pro cara, certo? Esse final liquidou a fatura. Mas, vejamos como fica com os fatores trocados.

      – Ele bebe, mas é muito bom.

 Muda tudo e assim nós mudamos a realidade com uma simples troca de fatores. Maquiavel não faria melhor.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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