A Cuba que era livre

24 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em A Cuba que era livre

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Lugares para encontros furtivos eram poucos na pudica Porto Alegre dos anos 1960. Afora as boates e cabarés, estes para encontros sensoriais explícitos, era boca muito entaipada – na gíria da época – encontrar um lugar que permitisse amassos controlados, caminho de entrada para posteriores encontros em quatro paredes.

Além da sobreloja do Bar Gilbert’s, na Salgado Filho, já mencionado aqui, havia Queen’s, na Andrade Neves, o Bar Amarelinho, na rua Santo Antônio, imediações da Gonçalo de Carvalho, o discreto Poodle Room ao lado da Brahma na Cristóvão Colombo, e um reservado para gays no Restaurante Tia Dulce na Independência.   

Este era um lugar discretíssimo. Cidadãos respeitáveis entravam com sacolas e lá dentro havia a transformaçāo poética em odaliscas, ciganas e princesas, conforme narrado por um também discreto – nomes nem pensar – garçom ainda vivo que atendia essa ala. Só anos mais tarde surgiu um motel exclusivamente para gays no morro Santa Teresa.       

Há que se levar em conta que havia poucos motéis na época, e sempre havia o temor de ser visto por quem não deveria ter olhado. O Motel da Marli reinava absoluto na Padre Cacique. Era tão conhecido que o Viaduto Dom Pedro II era chamado de Viaduto da Marli, para desgosto da prefeitura.

Ainda existe o Botafogo, na rua de  mesmo nome. A expansão para valer se deu no final da década de 1970 em diante. Um deles adotou o criativo nome “Cê qui sabe”, corolário de papo onde a parceira era perguntada onde iriam para desfrutar os finalmentes.    

No interior do estado, todas as cidades tinham, onde ficava “a zona”, de zona do meretrício, casas com uma luz vermelha na porta, senha luminosa para entrada no altar do sexo pago. A Casa da Luz Vermelha foi o primeiro genérico sexual comum em todas as casas do ramo  geralmente nos subúrbios. As mais toscas tinham banheiro coletivo. No quarto, bidê ou balde e deu.

Assim que o freguês entrava, as moças da casa se enroscavam no pescoço do cliente. De olho na comissão, lá vinha a pergunta inevitável.       

– Paga uma Cuba Libre, benhê?

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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