O boi se foi
O ano e meio em que trabalhei na SGB Publicidade, na rua Senhor dos Passos, Centro de Porto Alegre, cujo diretor regional era o meu saudoso amigo Ernani Behs, foi um dos períodos mais divertidos que vivi. Entrei em 1973. Empata com outra agência de outro grande amigo falecido, Salimen Jr. Muito antes do Vale do Silício adotar horário livre para seus nerds, o Turco já permitia isso na agência Publivar. Quer dizer, não para todos, só para os privilegiados pensantes como eu.
Saíamos da SGB no final da tarde para o Hubert’s, na esquina da Marechal Floriano com a Otávio Rocha, onde se comia o melhor bolinho de carne do mundo. Hoje, o posto pertence à Caverna do Ratão, na Protásio Alves com Eça de Queiros. Poucos metros adiante, um pouco adiante da Lojas Renner, quedava o Liliput, que anos depois reabriu com donos diferentes na Padre Chagas, outra genialidade almondegueira. Duas quadras abaixo ficava uma lanchonete minúscula, a Big Ben, que fazia a melhor empada de galinha do mundo. Além de maravilhosa, era grande e não da escola “onde estás que não te vejo?” Também havia o restaurante das Lojas Renner. O Café Haiti quebrava o galho porque ficava aberto até a madrugada. Hoje, fecha bem cedo por causa dos assaltos.
Quer dizer o seguinte: em algumas dezenas de metros você comia maravilhosamente bem e relativamente barato. Tudo isso foi para o espaço. Acredito que, nas madrugadas hoje doentias do Centro de Porto Alegre, fantasmas em forma de empadas, bolinhos de carne e almôndegas flutuem no ar esperando quem as coma.
Em vão. O boi já se foi com corda e tudo.