O queridinho
Essa história de carro pegar fogo já foi muito pior. Nos tempos do carburador era comum, especialmente em motores refrigerados a ar. Caso do Fusca e da Kombi, principalmente essa. Como o tanque de combustível ficava perto do cofre do motor, um superaquecimento bastava. A Kombi é um paradoxo. Como não tinha quase nada de proteção frontal, era chamada de “Jesus me chama”. Mas deixou saudade. Pela mecânica simples, ela é quase imorrível. Ferndinand Porsche sabia o que fazia.
Outro carro imorrível era o DKW Auto Union. Foi o pioneiro do motor de três cilindros, não é invenção atual. Como era motor de dois tempos não tinha válvulas, daí que só tinha sete peças móveis, então, a manutenção era simples e barata.
Era gastador e poluente – parte da mistura ar–gasolina saía direto pela descarga – mas de uma simplicidade atroz. O ronco era um fiasco. Como a transmissão era do tipo roda livre, bastava tirar o pé e ele ficava como se estivesse no neutro, ou ponto morto no jargão da época. Vantagem? Com alguma prática, dava para trocar as marchas sem pisar na embreagem.
O sedã Aero Willys, carro grande na época, usava o mesmo motor do jipe com algumas alterações que lhe davam alguns cavalos a mais. Por isso era chamado de jipe de fatiota. O Fusca, bem o Fusca era sonho de consumo. Aqui no Rio Grande do Sul, era chamado de “fuca”. Isso por décadas, até que os paulistas venderam com seu fusca. O carrinho era quase indestrutível. A plebe ignara chamava automóvel de “pé de borracha”.
O mundo era mais simples então.