Profissão do futuro
Pelo lado que se olhe, há algo de profundamente estranho ou errado no sistema de delação premiada na versão brasileira. O sujeito faz gato e sapato, tira sorvete das criancinhas e rouba quentinha de sem-teto e sai solto, livre e leve como um passarinho, seja em semiaberto ou em prisão domiciliar. É a forma de chegar aos bandidos, dirão. Pode ser, mas delator, hoje é quase uma profissão.
Diria até que é uma das chamadas profissões do futuro. A delação pode ser pensada antes de cometer o malfeito. É um planejamento que se faz ao passar a fronteira. E, às vezes, nem perdeu os anéis para ficar com os dedos. Por mais dinheiro que devolvam, sempre deve ter algum enterrado na cozinha do chalé da tia velhinha, que mora onde o diabo perdeu as botas.