Nos tempos do Hugo
No mercado de carros antigos, o Brasil está muito longe dos Estados Unidos e Europa, mas esse tipo de colecionador de olho no negócio carros veteranos vai crescendo. A Vila Bella, de Caxias do Sul, está ofertando essa maravilha, um Mercury 1947 pelo valor de R$ 220 mil. Mercury era uma divisão da Ford, assim como o Lincoln, que existe até hoje. Clique e ouço o som do possante.
A Ford correu na frente da GM nos motores 8 cilindros em V. Esse modelo era o cupê duas portas. Meu tio Sireno Selbach tinha um sedã quatro portas. Quando Getúlio Vargas proibiu a importação de carros com valor acima de US$ 1,5 mil, meados dos anos 1950, os automóveis usados valorizaram bruscamente.
Lembro como se fosse hoje quando o tio resolveu mudar a cor preta do Mercury para verde na oficina da revenda Ford em São Sebastião do Caí, acho que era Benemann. Eu tinha uns 13 para 14 anos e fui junto na viagem.
Vocês não têm ideia do que eram as viagens naqueles tempos. Dias antes, você já ficava insone com a expectativa. Um detalhe curioso daqueles tempos é que quem não estava acostumado a viajar vomitava – chamar o Hugo, como dizíamos – se fosse trajeto mais longo, especialmente quando nos sacolejantes ônibus.