2021, um ano que não termina nunca

24 nov • NotasNenhum comentário em 2021, um ano que não termina nunca

Era para ser um ano alegre. Com o arrefecimento da pandemia, tudo começando a abrir de novo. Pensávamos que, apesar dos pesares, a fila iria andar. Qual o quê. Veio a inflação, o pior de todos os impostos, veio o andar trôpego da economia, o dólar alto a encarecer tudo, o campo ficando borocoxô pelo alto preço dos insumos, a carne custando os tubos, a não-reposição de renda dos assalariados, o horizonte cinza das eleições, tudo incerto e não sabido.

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Finai de ano é melancolia embrulhada para presente. Só as  crianças e os jovens escapam deste sentimento. O estresse de Natal e de Ano Novo, uma carga pesada que seria suportável não fosse o nosso DNA que nos condena a ser uma nação fracassada. Décadas de tentativa e erro.

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O ano que vem vai ser um ano de chiliques e sobressaltos. Ganhe quem ganhar a eleição, terá uma missão impossível pela frente. Pessimista, eu? Olhem para trás. Esses velhos ossos cansados já tiveram otimismo para dar e vender, só para ver mais do mesmo. No entanto, é preciso navegar, mesmo com o leme quebrado e velas rotas incapazes de colher ventos.

Por quê?

Por que nós?, perguntou o soldado inglês do filme Zulu, ao ver 10 mil zulus cercando seu pelotão, e em seguida ouvindo a resposta do imperturbável sargento do exército da Rainha Vitória.

– Porque estamos aqui.

O horror, o horror…

Não sei porque a peruzada ainda não se rebelou contra os humanos, ao ver parentes e amigos sendo destrinchados e recheados com sarrabulho para encher o pandulho dos cruéis humanos a cada final de ano. As galinhas poedeiras.. pelo menos tem uma chance de sobrevivência. A humanidade é movida por ovos.

Ninguém come ovo de perua. Sá de galinhas, codornas e até de emas e avestruzes. Perua não. Ultrajante ver aqueles ovinhos raquíticos de codornas mergulhados durante meses no pior dos vinagres. Uma azeitona leva uma vida melhor.

Não se come galinha ou outra ave no Ano Novo porque elas ciscam para trás. Mas comemos porcos que nem ciscam para frente, fuçam o futuro a centímetros dos focinhos. Só por isso são considerados exemplos de otimismo, e como tal devorados. Grande vantagem essa de morrer de forma otimista.

Nebulosa de 2022

O site O Antagonista, que detesta a família Bolsonaro – de corpo e alma, insiste que Lula pode abandonar a disputa caso continue caindo nas pesquisas. Pelo que vejo, não é queda significativa, se elas estiverem certas. Mas creio que Lula pode, sim, desistir se sentir bafo na nuca de um concorrente. Sem o ex-torneiro mecânico, o PT não existe e a esquerda fica órfã.

Esquerda

Curiosa essa esquerda brasileira. Vivem em função de um só nome. Fernando Haddad? É o poste de Lula, como diz o jornalista Carlos Brickmann, do blog www.chumbogordo.com.br/. O problema dos postes é que raramente têm energia própria.

É guerra

Pesquisa encomendada por partidos ou sob influência de ojeriza pelo presidente são automaticamente contaminadas. Assim como os jornais que usam tinta de fígado. Tenho por mim que em 2022 veremos uma guerra de pesquisas. Cada uma errando mais que a outra.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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