Uma manhã de enlouquecer
Acordei ontem de manhã com uma tristeza latente, inexplicável quase, algo assim como uma gravura que vi ainda criança, desenho tosco que nunca esquecerei. O professor o mostrou dizendo que era a expressão gráfica de “nostalgia”, um homem fechando as mãos em torno do fio de arame farpado. Fiquei fascinado pela explicação, até porque eu não entendia bem o que era nostalgia.
Pesadas nuvens
Abri o jornal e me congratulei, eu era um adivinho, sabia previamente que seria um dia triste: só tinha notícia ruim do início ao fim. Não era a pescaria por coisas ruins e o afundamento de notícias boas, não, era um retrato fiel da realidade brasileira e mundial. A começar com o pessimismo da economia, o BC admitia um PIB negativo no trimestre e, para este ano, a projeção caiu a míseros 1,5, 1,1%. A previsão inicial já era uma bosta.
Minha memória, meu refúgio
Sacudi minha memória como se a tivesse colocado em algum liquidificador e escapou algo que me fez sorrir. Há anos o Jornal do Comércio foi homenageado pela Assembleia Legislativa, e um dos deputados que falou disse que sabia de tudo sobre o BIP graças a nós. E emendou uma porção de BIP, então não era mero troca de letra. Bem, pelo menos zerei meu odômetro de humor.
Um rosário de imperfeições
O Governo Bolsonaro continua marchando de passo errado, não sabe vender seu peixe e, pior, dá ideia de quem redigiu a explicação descontextualizada foi seu maior inimigo. Então o vice Hamilton Mourão diz o que sabemos ser a verdade: o governo não sabe comunicar. Bidu.
A ferrovia…
…da comunicação tem duas vias, uma leva de dentro para fora e outra, de fora para dentro. Para a turma do Capitão é problema duplo: nem eles sabem como carregar o trem da comunicação que vai para a estação Opinião Pública e nem a composição que traz a carga da Opinião Pública para o seio do Governo é entendida. Ou o despachante palaciano abre a carga e diz que é tudo mentira no pacote.
Os grandalhões
Há algum tempo, uma dupla de empresários do tipo Dobermann vendeu quase toda a sua participação em plataforma de crédito para um banco estrangeiro por um bilhão e lá vai pedrada. O que sobrou venderam por outro tanto algum tempo depois.
Os pequerruchos
Do outro lado, vemos um governo afundado em dívidas em profundidade maior que o finado Titanic, sem ter saída à mão. O Estado, o ente Estado, está quebrado total. No caso gaúcho, mas não só ele, só lhe resta administrar a folha do funcionalismo, como se fosse essa sua principal função.
A impaciência de Jó
É com um sentimento e pena que vejo o governador gaúcho Eduardo Leite pedir a investidores norte-americanos que invistam no Rio Grande do Sul. Ponham-se no lado desses investidores. Tem demanda, mas não tem renda e, para complicar, uma burocracia asfixiante terminaria até com a paciência do personagem bíblico Jó.
O baile
O Brasil é um país cantador, o que serve como couraça para os rudes tempos que vivemos em que a procela nos afunda. Os argentinos pelo menos têm o tango, e uma frase do compositor argentino Enrique Santos Discépolo define muito bem. O tango, disse ele, é um sentimento triste que se baila.
Se existir outro mundo e se o paraíso for verdade e não lorota, eu gostaria de pedir ao ente divino que distribuiu milagres que voltasse no tempo e que a frase de Discépolo fosse de minha autoria. Então, eles são tristes por natureza e nós, com nossos requebros, só temos os guizos falsos da alegria de Orestes Barbosa.
Porém…
..e sempre tem um, o dia termina, meu humilde tugúrio me espera e consegui dar um banho de descarrego na tristeza inicial. Recobrei os guizos da alegria que sei serem falsos, mas é o que a casa oferece. É como a velha história do cara que cai do alto de um prédio e, ao passar da metade, bota as mãos em concha e grita “estou passando pelo 50º andar e por enquanto tudo bem”.
Direito Agrário
A Farsul e a União Brasileira dos Agraristas Universitários (Ubau) realizam amanhã a partir das 9h o 1º Simpósio Gaúcho de Direito Agrário e Agronegócio. Objetiva fomentar o estudo do Direito Agrário, aproximando a sociedade acadêmica, produtores rurais, entidades de classe e demais interessados, por meio de palestras com temas relevantes à atividade agropecuária.
Na oportunidade ocorrerá o lançamento da 2ª edição (revisada, atualizada e ampliada) da obra coletiva “Direito aplicado ao Agronegócio: uma abordagem multidisciplinar” e da 1ª edição da publicação “Certificado de Recebíveis do Agronegócio: os sistemas agroindustriais e o mercado de capitais”.