Uma aventura incendiária
O incêndio no hotel em que tinha moradia fixa o Z. fez mais fumaça do que fogo, e por isso mesmo os bombeiros chegaram rápido e tiraram os hóspedes. O prédio ficava na Marechal Floriano, pouco antes da Salgado Filho. Só tinha um andar, então precisou apenas de meia escada Magirus. Os soldados fogo tiraram todo mundo, mas o Z. teve que ter tratamento especial.
Era início de noite. O bombeiro que arrombou o seu humilde tugúrio se deparou com um idoso estremunhado. Tratou então de carregá-lo bem junto ao corpo, quase rosto a rosto para evitar que ele escorregasse. E assim assomou na marquise, iluminada feericamente por um poderoso holofote. Neste preciso momento, um vento caprichoso abriu uma brecha na fumaceira justamente nesta cena, e esta imagem foi captada pelos fotógrafos e foi capa de todos os jornais de Porto Alegre. Só Z. não os leu.
No dia seguinte, Z. entrou na sua segunda morada, o Bar e Rotisserie Pelotense, e se espantou com o alarido e dedos apontados em sua direção. Na Mesa Um, a turma esfregou um jornal no nariz dele. Arregalou os olhos com a novidade. Quem falou foi o Lelinho.
– Quer dizer então que nesta quadra da vida viraste o fio e deste pra morar com um espadaúdo bombeiro?
No início, Z. até que levou na esportiva, mas como era samba de nota só quando chegava na roda, um dia Z. explodiu.
– Ora vão pro inferno! O bombeiro era meu sim, arrumem um para vocês, seus moradores de armários?
Uns acharam que era brincadeira. Outros não.