Porque hoje é sexta

17 maio • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Porque hoje é sexta

O poema, na realidade, chama-se Porque Hoje é Sábado. É de Vinicius de Moraes. Mas não se fazem mais sábados como antigamente, então é hoje que a onça bebe água e jacaré nada de costas. Porque hoje é sexta, o escritor ou guru Olavo de Carvalho deu entrevista para o Estadão onde diz que vai deixar de “se meter” na política brasileira.

– Eles querem me tirar da parada? Tiraram. Eu vou ficar quietinho agora, não me meto mais na política brasileira.

Quem seriam eles?

Aí é que está o busílis, em português castiço, ou o xis do problema. Quem teria dado um chega pra lá no doutor Olavo, que mora nos esteites? Seu discípulo Jair Bolsonaro, os militares que têm voz e poder no governo? A não ser que ele abra o jogo, ficaremos eternamente nessa cruel incerteza.

Mas nem tanto

Porque no finalzinho da entrevista Olavo diz que não vai se meter na política brasileira “provisoriamente”. Pronto. Não existem mais convicções e expressões precisas, tudo é provisório e, no Brasil de hoje, até o galo fica na dúvida se cantou no raiar do sol ou foi playback.

A teoria do pêndulo

Gosto muito dela porque é lei de vida e das coisas que governam a vida. Como a política, mais precisamente, o Poder. O ministro e general Golbery do Couto e Silva, que foi ministro nos idos dos anos 1970, escreveu um livro cujo nome é tão sem sensaboria que oculta o conteúdo, este sim de primeira grandeza como o croquete da falecida lanchonete Branquinha, de Tramandaí.

Em resumo

O general, odiado pela esquerda de todos os tempos, mas a quem deveriam agradecer porque foi ele que iniciou o processo de abertura democrática no finzinho dos anos 1970 – a “abertura lenta, gradual e segura”, previu que a era dos militares estava chegando ao fim, e que o pêndulo sairia da posição “alto da direita” para “alto da esquerda”.

E assim por diante

Golbery demonstrou e acertou que o oscilar do pêndulo rumo à outra ponta passaria pelo centro (Tancredo Neves, que morreu para sorte de José Sarney). Em um determinado momento, ele iria para o alto esquerdo e depois tenderia para a direita de novo. Veio o Lula, o lulismo, A Dilma e o dilmismo que terminou, como sabemos, no desastre brasileiro que nos deixou de calças arriadas e burras vazias e um dos autores a ver o sol nascer quadrado na prisão.

À direita, de novo

Foi a eleição do Capitão, mas não só dele. Veio uma guinada à direita em todo o continente – nem falo na Europa porque lá foi causado pelos imigrantes e terroristas – por um simples motivo: a tremenda incompetência administrativa dos regimes de esquerda. Vide Venezuela, se bem que lá é uma coisa. Nicolás Maduro deveria doar seu cérebro para a ciência para ver o que se passa na diminuta rede de neurônios bolivarianos.

Centro, volver

No ano que vem, teremos eleições para prefeitos e vereadores. Cada cidade é diferente no trato pendular, mas acredito que em Porto Alegre o fraco desempenho do tucano Nelson Marchezan Jr não deve ressuscitar o PT, o eleitor vai é buscar o centro.

Tudo bem no ano que vem

Pode – pode, porque tem muita água a passar debaixo do moinho – que o ex-vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) leve a coroa, posto que perdeu a eleição para Marchezan. E matéria de pêndulo, é Centro, volver. Talvez na sucessão de Bolsonaro aconteça o mesmo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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