As quermesses de igreja
Uma das melhores lembranças da minha infância e adolescência eram as quermesses de igreja em São Vendelino. Na minha visão de criança, eram deslumbrantes, um parque de diversões como se estivéssemos na cidade grande. Em regra, quermesses era realizadas para angariar fundos para a construção de nova igreja. Que, no caso de São Vendelino, foi um desastre. Botaram abaixo uma das duas únicas igrejas em estilo gótico do estado para dar lugar a um templo insosso.
Havia cerca de oito a dez tendas e uma cancha de bolão entre a antiga igreja e a venda do seu Schneider. A “cancha” era improvisada, tábuas mal emendadas que não raro se arqueavam de tal forma que parecia a subida da Lucas de Oliveira. As bancas “âncoras” eram a pescaria, com canudo e anzol para fisgar brindes enterrados em uma caixa grande com areia ou sem nada, o tudo premiado, similar a este, mas com brindes para todos, a banca das cucas e doces, a procuradíssima banca de salada de frutas, uma de tiro ao alvo com espingardinha de pressão “flobé”, com penas a guiar o projetil ao alvo ou com rolha para derrubar (e levar) brinquedos e similares.
A que eu mais gostava era a dos recados. Nesta, escrevia-se uma mensagem enrolada em canudo com o nome da garota a ser alvejada; elas passavam e viam seu nome e respondiam ou não. As meninas também faziam o mesmo. Às vezes, nem se assinava a mensagem. Não lembro se eu tinha fã-clube. Ao meio-dia ofereciam quase sempre creme (espesso) de ervilhas com salsicha, prato que adorava e ainda gosto muito, mas não essa sopa rala de hoje. A festa começava assim que terminava a missa solene de domingo e entrava tarde adentro.
Meu Deus, como eu gostava das quermesses de igreja.