Os anos de vacas gordas
Em comparação com décadas passadas, especialmente os anos 1970, os tempos de hoje são como comparar sem-teto com um diretor de banco. Certa vez, eu e o jornalista Jefferson Barros falamos sobre isso na Cafeteria Chaves, na galeria de mesmo nome. Jefferson foi uma das poucas pessoas que mereciam o título de intelectual de verdade.
Pois o Jefferson, que estava desempregado apesar do brilho, tinha sido produtor do Globo Repórter até que tudo começou a dar errado. Mala suerte. Pois ele contou como era gratificante trabalhar na Globo. Se acontecesse alguma bronca importante no outro lado do mundo, em horas o repórter tinha dólares, passagem de avião e visto pronto para cobrir o fato.
Enquanto ele falava lembrei dos tempos da Folha da Manhã. Eu era pauteiro. Auge do escoamento da safra da soja, e uma ponte na BR 116 deu os doces. Como foi interditada formou-se a fila de caminhões que ia para o porto de Rio Grande, atingindo 20 quilômetros.
Pedi para ver a bronca de perto. E do alto. A Caldas Júnior, do doutor Breno Caldas, fretou um táxi aéreo bimotor para eu olhar o panorama visto acima da ponte.