O potencial da criação

29 jun • ArtigosNenhum comentário em O potencial da criação

* Elisa Leão

Criar é questão de sobrevivência e manutenção da espécie.

Desde os primórdios, quando avanço da tecnologia significou o fogo, foi necessário criar e descobrir.
Já no ano de 2020, as mudanças chegaram pressionando tudo e todos, sem escolhas. A crise chegou ao nível mundial, inclusive, fechando fronteiras e comprometendo ainda mais a economia mundial. O índice de desemprego aumentou.
Vi pessoas precisando de ajuda para comer. Para sobreviver. Sofrendo de fome.
Vi a covid-19 chegar em lares de pessoas ricas e saudáveis gerando insegurança e medo. Vi pessoas mudando hábitos. Vi também pessoas que transtornaram o seu cotidiano com o aumento da ansiedade, depressão e necessidade de proteção. Vi um mundo totalmente diferente e gritando por criatividade para sobreviver.

Vender máscaras foi uma grande sacada. Os aplicativos de entregas lucrando com a facilidade de receber tudo em casa através de um clique. O marketing digital crescendo. E o mundo se transformando. Criando novas formas de vivências. Inevitável.
O coronavírus “chegou chegando” e, sem cerimônia, ficou tempo suficiente para mostrar que mudanças precisam acontecer e algumas rapidamente. Com a força de um tufão arrastando multidões, algumas mudanças chegaram com força para matar, para tomar e dominar manchetes de jornais e telejornais. Para parar filmagens de grandes produções, paralisar o comércio e escolas. O coronavírus chegou e fincou o pé mostrando que, quem não tem criatividade, não sobrevive. Criar nova atmosfera em casa, criar novas formas de trabalhar, criar para adaptar. Criar novas trilhas para guiar dentro de si o objetivo de sobrevivência e suportar a força do tufão. Criar para valorizar o que está vivo e não matar o que pulsa.

Criar, inventar, cultivar a vida.
Coronavírus, sem dó você chegou, provocando discórdias, comprometendo comunicações e dificultando situações. Chegou mostrando que a natureza é tão grande e poderosa que, se quiser, fica fácil diminuir a população mundial. chegou mostrando muitas falhas e enfatizando que é preciso criar. Criar, pensar e gerar formas de sobreviver. De dar a volta por cima. De valorizar o que se tem. De valorizar o humano, de ser mais humano. De perceber que a vida é valiosa demais para não ser percebida. Respirar fundo com tranquilidade ganhou novo significado em tempos que não respirar bem era sinal “do mal”.
Criar sinais inclusive foi ressignificado e mostrou que, com muito pouco, era possível ajudar pessoas mergulhadas em rotinas de sofrimento. Um X vermelho na palma da mão foi transformado em socorro.
Mudar não foi fácil, imagina em pouco tempo.
Mas, toda a ameaça passou.
A vacina foi desenvolvida em tempo recorde. Depois de tantas pesquisas e os países unidos na direção de vencer a morte em massa, descobriu-se medicação capaz de controlar os sintomas.

Zeramos as mortes. Vencemos o vírus.
O mundo mudou. Depois de uma ameaça tão intensa, as nações aprenderam a se comunicarem de forma mais integrada e co-dependentes. Finalmente, os governantes perceberam que, embora com dificuldade, é mais fácil abrir fronteiras e desenvolver projetos conjuntos para o bem maior da humanidade e do planeta.
Os órgãos defensores das florestas, finalmente foram ouvidos e as matas mantidas. O índice de desmatamento diminuiu drasticamente.
O home office ficou e muitas empresas diminuiram espaços físicos dando lugar ao trabalho remoto. A conectividade ganhou um significado mais profundo de maior interação entre as pessoas. O respeito ao próximo avançou anos em meses, e não se admitiu e não se ouviu mais falar em agressões ao diferente. Os homens inseguros que faziam parte do grupo que violentavam fisicamente e emocionalmente mulheres, finalmente perceberam que não precisam ter medo de perderem espaço. Tornaram se mais fortes e não precisaram dos gritos e músculos para se auto afirmarem.

O mundo mudou.
Gerou, criou e nasceu
Passamos pela esfera do coronavírus.
Agora a esfera é de usufruir do resultado de um tempo que exigiu muita criatividade, mudança e ressignificação.
O ser humano mostrou que realmente é um ser pensante e pode caminhar pra frente. Mostrou que sabe fazer boas escolhas e sabe ser responsável pela própria história.
Ficou a história cheia de nuances compostas por confusões, por medo, por desrespeito, mortes. Mas, uma história que registrou a superação da raça que honrou a massa encefálica em prol da criação e da manutenção da espécie.

*Elisa Leão é professora doutora de Psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, psicóloga clínica e palestrante.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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