O metano de Humaitá

29 abr • A Vida como ela foiNenhum comentário em O metano de Humaitá

Matéria do jornal Metro aponta que os escombros do incêndio que destruiu a Lojas Renner nos anos 1970 foram descarregados onde hoje é a Arena do Grêmio. Meia verdade, meia informação. Toda aquela região, da avenida Farrapos até a área alagadiça da Arena, se dividia em três partes. Na primeira, da estação Farrapos da Trensurb em direção ao rio, ficava a Vila Dona Teodora. Na segunda metade dos anos 1960, o governo construiu o primeiro projeto do que depois seria o BNH, a Vila Farrapos.

Mais adiante, onde hoje fica o bairro Humaitá, então deserto, haviam enormes lixões, que foram paulatinamente sendo desativados. Sabem até os quero-queros que, após um certo tempo, lixo orgânico enterrado se decompõe em gás metano. Não chegou bem na Arena de hoje. Anos depois, em 1974, que um fato inusitado movimentou a cidade: a população carente fritava ovos ou esquentava as marmitas simplesmente enterrando canos em cerca de 30/50cm.

O metano então subia, e eles botavam fogo na ponta para esquentar as marmitas e até fritar ovos. Eu era trabalhava na falecida Folha da Manhã da Caldas Júnior e pautei a matéria, que causou enorme rebuliço, até porque lixões secretam líquidos tóxicos que se infiltram no lençol freático – inclusive metais pesados – além de ser o Paraíso de Ratos & baratas Cia.

Assim se vivia e se morria em Porto Alegre.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »