O bêbado irremovível
Li um relato saboroso no Face, um executivo que estava parado na avenida Paulista quando apareceu um cara alto, parrudo e engravatado com uma maleta na mão, tentando abrir a porta direita do seu carro. Já ia arrancar com o pé no fundo quando o sujeito fez sinais frenéticos do tipo “não é nada disso que você está pensando”. Em inglês. Resumo: o engravatado achou que o carro dele fosse do Uber.
Certa feita me aconteceu algo parecido, mas sem final feliz, nos anos 1960. Estávamos em quatro num Simca Chambord rumo ao bar-chope Renânia, na Gaspar Martins. Findos os trabalhos, entramos no carro quando veio um vulto voando e antes que nos aboletássemos nos bancos, ele se antecipou. Para resumir a hora do pesadelo, era um borracho que dizia ser nosso amigo, mas nunca o vimos antes. E como se tira um bêbado chato e brigão de um carro quando ele não quer sair? Eles costumam pesar uma tonelada, para começar. Enchê-lo de porrada? Ele desmaiaria. Bêbado não dorme, desmaia.
No final, depois de quase uma hora, a solução. Pagamos um táxi para o cara com ordens para o taxista deixar ele no quinto dos infernos.