Moral americana
Há alguns anos, deparei-me com uma dessas pesquisas aleatórias feitas nos Estados Unidos. O trabalho concluiu que os profissionais que praguejam no trabalho têm menos chances de decolar na carreira. O trabalho recolheu dados do site CareerBuilder.com que era ou ainda é o maior portal de busca de empregos dos Estados Unidos. Os patrões não gostam de gente assim, segundo o site. Só que, quando o patrão pragueja, não acontece nada.
Meio infantil e óbvia a conclusão. Patrão sempre será patrão, e o que vale para bagrinho não vale para ele. Há uma nuance aí. O norte-americano é ou era pudico e pelo menos no passado detestava os que, no Brasil da minha juventude, eram chamados de “língua suja”. No caso deles, a moral protestante age forte, inclusive com uma moral que faria o brasileiro rir: a mentida é o pecado maior. Vide Monica Lewinsky e Bill Clinton, ou a renúncia de Richard Nixon. A mendácia os condenou, não o feito em si. Bill ainda se safou com aquela de “sem penetração”, mas Nixon não teve essa sorte em Watergate.
Essa coisa de americano não gostar de palavrão. Tive um professor no ensino médio, antigo Científico, Mister Roberts, que era um dos sujeitos mais afáveis que conheci. Até que alguém dissesse um palavrão. Cara, o homem virava bicho. Depois o mundo e a América mudaram. Qualquer filme americano deve ter pelo menos duas dúzias de fuck nos diálogos, sem falar na repetição de dedos médios para cima.
É isso que sempre me impressiona. Como pode o mundo inteiro mudar tão rapidamente.