Minha primeira morte
Parece que foi ontem, mas foi na madrugada de novembro de 1968 que entrei com o fotógrafo Sérgio Tassara na Rural Willys, da reportagem da Zero Hora. O motorista Luizmar tocou direto para a Protásio Alves para cobrir um homicídio de trânsito.
Um fusca que descia a avenida não conseguiu vencer a curva do Barranco e foi abraçado por um poste. Era o motorista, sua noiva e a futura sogra. Sobrou para a noiva, que morreu na hora Na escuridão da madrugada, vislumbrei o galpão que poucos meses depois abrigaria a churrascaria aniversariante.
Como a moça tinha anel de brilhante, brincos e colar de ouro, os agentes do Instituto Médico Legal precisavam de duas testemunhas para atestar que retiradas das joias do cadáver, colocadas em um saco que ficaria no cofre do IML para posterior entrega a familiares. Eu fui uma. E tinha que ficar bem perto para atestar a lisura dos policiais.
Fiquei com pena deles, mãe e noivo, que foram para o hospital. Nem me ocorreu que, no alto daquele barranco, seria erguida uma das mais famosas, senão a mais famosa churrascaria do Estado.
As voltas que o mundo dá.