Galo de quartel
Como militar está na moda, até galo entrou na dança. Melhor dizendo, na marcha. Esse daí é a prova. Galo e galinha estão sempre na reta. Qualquer deslize, e lá vão eles para a panela ou para o espeto. É uma ave que decididamente nasceu para sofrer.
Quando bota ovo o dono do galinheiro o rouba. Só o ovo já confere à galinha a láurea de ave mais útil do mundo. O galo, coitado, mal consegue reproduzir a espécie. Ou vai para a panela ou canta, expressa naquela ridícula onomatopeia cocoricó.
Eu, se fosse galo, entrava com dano moral. Em dobro, se o cara cantar cocoricó e fazer aqueles gestos patéticos de simular o bater de asas com os braços.
Dizem que nos morros do Rio de Janeiro um canta, os demais só levantam a pata simulando o clássico polegar para cima. O passado desta dupla também não foi nada glorioso. Dizia-se que quando pobre comia galinha, um dos dois estava doente.
Pobre ave. Sempre marchando.