Contatos imediatos do seu Cabral

25 abr • A Vida como ela foiNenhum comentário em Contatos imediatos do seu Cabral

 – Então foi hoje que nos descobriram?

 Tinha acabado de estacionar o carro e foi esta a frase que ouvi do dono do negócio. Foi sábado passado, 22 de abril, então me dei conta do aniversário do descobrimento do Brasil. Devolvi na mesma moeda?

 – Pois é, mas eu não estava lá na hora. Estava comendo uma moqueca de camarão em outra praia.

 Quando Pedro Álvares Cabral e sua tripulação pisaram em terra brasiliensis, incluindo o chato do escrivão Pero Vaz de Caminha e o bispo Henrique de Coimbra, tomaram conta do pedaço em nome da rainha. A primeira missa no Brasil foi rezada dia 26, mas pelo jeito que o país está, antes dela alguém deve ter feito algum vodu ou mandinga. Não é possível. Fomos descobertos mas até hoje ainda não nos achamos.

 Um dos coroinhas da missa foi o meu colega de jornal, o hoje fervoroso jornalista Roberto Brenol de Andrade, mui digno editorialista do Jornal do Comércio. O outro foi o também jornalista Carlos Bastos, que até hoje carrega o apelido de Nenês – ao ser apresentado para dom Henrique, este exclamou “mas ele ainda é um nenê!”.

 O primeiro problema foi arrumar comida, porque longos meses de navegação destroçaram a despensa. Nem rato mais tinha para cozinhar. Pero Vaz, que antes de ser escrivão era chef, foi em direção aos selvícolas do comitê de recepção e fez esta pergunta, o sem noção.

 – Vocês por acaso sabem cozinhar bacalhau às natas?

 O Cacique Doble, assim chamado por causa de uma extensão no órgão reprodutivo, não entendeu lhufas. O escrivão então abriu os braços e com eles fez menção do tamanho de um pescado grande. Isso ele entendeu. Também abriu os braços de forma bem mais ampla. Meses depois, quando os índios aprenderam algumas palavras básicas de português, Caminha soube que o que o chefe dos índios queria dizer era outra coisa:

 – É muito maior.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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