Capital dos papagaios
Como os que ouvem sabem, Porto Alegre foi tomada pelos papagaios. Estão em todo o lugar, inclusive no conturbado Centro. Como se escondem muito bem, tenho certeza que eles tramam grandes e pequenas sacanagens aos humanos. Conversam entre si em papagaioês.
Divididos em colônias, estas aves só não falam em português porque querem preservar sua língua. E seu histórico de aprontes é conhecido. A primeira piada que ouvi na minha vida foi aquela da freira.
Contam que, no meio de uma festa de bilionários, com madames ostentando joias caríssimas, uma delas abriu um bocão cheio de dentes falsos.
– Roubaram meu diamante de um milhão de dólares!
Houve um constrangimento geral, porque cada um e uma dos presentes tinha o PIB do Uruguaina na conta corrente. Vieram os tiras. Encurtando o causo, revistaram todo o mundo e cada centímetro quadrado da mansão e nada acharam. Só quem estava quieto era o papagaio da madame, pousado no poleiro de ouro maciço.
Já desanimados e irritados com o berreiro da roubada, deram uma recorrida no enorme salão. Olhos treinados se fixaram no papagaio da casa. Um dos tiras tomou a palavra.
– É, vamos ter que abrir o bucho desse bicho pra ver se não foi ele o ladrão.
– Positivo operante – falou um PM que auxiliava a Civil.
A ave bateu suas curtas asas.
– Perai, um minutinho! Exijo que passem o raio xis primeiro!
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