A terra, a baunilha e as uvas
Há muito tempo, li sobre os cheiros (bons) mais lembrados em todo mundo. Eram cinco, e ao que me lembre era cheiro de terra molhada, café, e acho que perfume das rosas. Os demais não guardei. Fecho com os três, mas eu incluiria pelo menos baunilha e pão saindo do forno. Ocorre que limitar a cinco os cheiros mais lembrados é asfixiar nossa memória olfativa.
Depende de cada país, mas a aproximação do mar e o cheiro característico da maresia está entre minhas boas lembranças, como o cheiro das sacolas de vime ofertadas nas lojas da Tramandaí da minha infância e juventude. E como não gostar de baunilha, minha favorita?
Anos mais tarde, veio o cheiro de lança-perfume no ar, uma coisa mágica que menos se cheirava e mais se lançava nas costas suadas das garotas. Pelo menos deixei de ganhar uma namorada por causa disso. Era baile de Carnaval de clube social. A dona daquelas costas se virou indignada e, dedo em riste, falou que podia pegar pneumonia com o jato de éter.
Lá se foi um belo namoro. Pensando bem, ela tinha as pernas muito finas, não perdi grande coisa. Foi mais ou menos o que disse a raposa quando não conseguiu pegar as uvas.