A engenharia do coqueiro
Nas festas de igrejas e quermesses das regiões de colonização alemã, no interior do Rio Grande do Sul, fazia-se uma improvisada e eficiente engenharia para evitar acidentes de trabalho nas indispensáveis canchas de bolão, que ficavam a céu aberto ao lado das tendinhas de “pescaria” (de brindes), de venda de embutidos, pães, cucas, doces e tortas, e a também onipresente tenda de recados, principalmente porque as garotas deixavam recados para fulano e beltrano do tipo “és muito simpático” e cantaroladas parecidas. Muitos casamentos começaram assim.
Ao bolão. Como a estrutura só era usada por um ou dois dias, os “engenheiros” faziam um levante no solo e o aplainavam, para, em seguida, colocar tábuas lado a lado. Os pinos repousavam em cima de um tablado de madeira; na guarda para parar as pesadas bolas, colocava-se lado a lado troncos de coqueiros, e por um bom motivo. Esta madeira é fraca, pouco densa e fibrosa. Então um daqueles alemães parrudos turbinados por hectolitros de chope da Brahma, arremessavam a bola com violência. É aí que entra o coqueiro.
Se a barreira fosse de madeira mais dura, a bola ricocheteava e ou pegava uma estrada lateral, ferindo os fiéis, ou dava ré e atingia a molecada que rearmava os pinos. Provavelmente houve muitas vítimas antes da engenharia do coqueiro.