A engenharia do coqueiro

10 nov • A Vida como ela foiNenhum comentário em A engenharia do coqueiro

Nas festas de igrejas e quermesses das regiões de colonização alemã, no interior do Rio Grande do Sul, fazia-se uma improvisada e eficiente engenharia para evitar acidentes de trabalho nas indispensáveis canchas de bolão, que ficavam a céu aberto ao lado das tendinhas de “pescaria” (de brindes), de venda de embutidos, pães, cucas, doces e tortas, e a também onipresente tenda de recados, principalmente porque as garotas deixavam recados para fulano e beltrano do tipo “és muito simpático” e cantaroladas parecidas. Muitos casamentos começaram assim.

Ao bolão. Como a estrutura só era usada por um ou dois dias, os “engenheiros” faziam um levante no solo e o aplainavam, para, em seguida, colocar tábuas lado a lado. Os pinos repousavam em cima de um tablado de madeira; na guarda para parar as pesadas bolas, colocava-se lado a lado troncos de coqueiros, e por um bom motivo. Esta madeira é fraca, pouco densa e fibrosa. Então um daqueles alemães parrudos turbinados por hectolitros de chope da Brahma, arremessavam a bola com violência. É aí que entra o coqueiro.

Se a barreira fosse de madeira mais dura, a bola ricocheteava e ou pegava uma estrada lateral, ferindo os fiéis, ou dava ré e atingia a molecada que rearmava os pinos. Provavelmente houve muitas vítimas antes da engenharia do coqueiro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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