Raios, trovões e tempestades
Tenho um colega de redação que já nos três primeiros meses repete sem pestanejar “o ano terminou”. É uma maneira peculiar de registrar como o tempo passa rápido, talvez com exceção dos sofridos torcedores do Internacional. Mas, sim, ele tem razão. O tempo passa, o tempo voa e nem mesmo o Bamerindus está numa boa. Escangalhou-se como tantas outras instituições financeiras que estavam no Top Tem ao seu tempo.
Eu mesmo cheguei a trabalhar num banco gaúcho, o Província, que parecia tão sólido que era chamado de “O velho jequitibá”. Pudera, foi fundado em 1858. Foi-se com corda e tudo, comprado pelo Montepio da Família Militar. Que também foi para o brejo, por sinal. Do ponto de vista político-institucional, no entanto, o tempo parou antes do tempo.
Quatro dos últimos cinco presidentes sofrem pesadas acusações, só Fernando Henrique está fora. Começamos a República que ficou velha muito cedo, a nova também começou aos trancos e barrancos e, de crise em crise, de incerteza em incerteza, de sobressalto em sobressalto, de esperança em esperança, cá estamos nós como um caminhão que só anda para os lados. E sempre no atoleiro, com alguns dias sem raios, trovões e tempestades.
O ano brasileiro nunca termina porque nunca começou.