Vida e morte de uma frase
O jornalista Melchíades Stricher e eu aprontamos um bocado nos anos 1980. Mel, como era chamado pelos amigos, fazia um comentário na Rádio Gaúcha geralmente sobre temas políticos, ciência que ele também trazia para a ponta dos dedos que acionavam as teclas das máquinas de escrever. Ele era um pândego. Poderia perfeitamente ostentar no peito um adesivo com os dizeres “Meu nome é Sacanagem”.
Certa vez, encanzinamos com um cronista que terminava suas filosofias com o Pensamento do Dia, geralmente frases de autoajuda ou que não diziam nada ao fim e ao cabo. Durante nossas – estas sim – filosofadas no bar Porta Larga sugeri que ele também fizesse algo parecido no final do seu comentário tanto na rádio quanto no jornal.
Depois de um brainstorming molhado a cerveja ele criou o título, Pensamento do Dias, e eu inventei a frase, que ficava assim: todos os rios correm para o mar, salvo prova em contrário.
Foi o primeiro e o último Pensamento do Dias.