Ruminâncias de sexta (*)
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(*)RUMINANTES
- Subordem de mamíferos artiodátilos, que inclui os veados, girafas e bovídeos, caracterizados pela presença de um estômago complexo, com três ou quatro câmaras, adaptado à ruminação. Consiste em regurgitar a comida e depois voltar a engoli-la.
Estômagos fora de estrada
Não sou boi, nem veado nem girafa, embora para baixinho eu não sirva. Na minha profissão isso é muito comum porque em alguns assuntos se lê, se ouve e se vê coisas inacreditáveis. Então tem de ruminar para digerir melhor depois. É muito comum na politica e suas comidas indigestas. Hoje mais ainda nas redes sociais. Uma novidade é ter indigestão lendo jornais. Não era assim, mas com o advento da escrita com tinta de fígado ao molho ideológico e aparas de cretinice, nem ruminar adianta.
Os ruminantes como eu nem têm mais espaço na bocarra depois de algumas barbaridades. O que nos ajuda são os quatro estômagos. Uso um para a politica, o segundo para brasileirices, o terceiro para o politicamente correto, e o quarto como um SUV qualquer terreno, fora de estrada, tração integral. Às vezes, compartilho estômagos, tipo benemerência.
São cavacos do ofício. Consola-me saber que amanhã será pior, mais indigesto que hoje. Então, como os romanos, carpe diem.
Comedores de poluição
Sabem o que eu gostaria de criar no futuro próximo? Não é gado, nem ovelha, nem leitão. Meu sonho é criar bactérias. Mais especificamente, bactérias comedoras de plástico. São 400 milhões de toneladas ao mar e à terra. Digamos que gostaria de ter um haras de bactérias. Explico.
A abundância de microplásticos nos oceanos e lixo plástico em terra parece ter induzido uma adaptação evolutiva em várias espécies de micróbio, que aprenderam a produzir enzimas capazes de decompor o plástico, todas devidamente classificadas. Algumas são mais vorazes que as outras. Não é assunto novo. Assunto de resolução complexa, mas a Humanidade chega lá, se não houver uma guerra nuclear de fim dos tempos entre lulistas e bolsonatistas.