Regra de ouro

6 out • NotasNenhum comentário em Regra de ouro

Um dos mais antigos provérbios do mundo e um dos mais sábios é “quem não é visto não é lembrado”, que deveria estar afixado na sala de reuniões de toda empresa que lida com público de uma forma ou outra. Especialmente as que fabricam e comercializam produtos de largo consumo.

Regra de prata

O corolário do provérbio acima é exatamente o oposto, e também deveria estar presente em empresas, especialmente em políticos e gestores públicos que lidam com temas sensíveis: “Às vezes, em vez de presença de espírito é melhor ausência de corpo”.

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Vale também para pessoas de idade ou doentes que vão a velórios. Vai que é um rabinho da expressão, algo como um reforço da tese.

Este último provérbio aprendi com o velho Eugênio Gasparotto, pai do colunista social Paulo Raymundo Gasparotto, nos anos 1970. Teve a ver com um amigo comum que faleceu, e o Eugênio não deu as caras no velório nem no enterro.

Mas já conheci outros que aproveitavam o infausto acontecimento para escolher a morada final e, conforme a frieza e resignação do candidato a comer grama pela raiz ou até ser incinerado e virar cinza, ver os custos desta última operação.

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Também há espaço para exceções fora do script. Conheci um funcionário do Foro Central, homem já passado dos 70 anos, mas com namorada beeem mais jovem, algo que nunca tinha ouvido antes. Mesmo sendo homem com o burro na sombra, mercê de décadas de bons ganhos bem aplicados no mercado financeiro, era daquelas pessoas que atravessavam piscina a nado levando Sonrisal na mão sem ferver. Contou em roda do Bar Pelotense que, aos domingos, levava a prendada rapariga a um almoço no restaurante do… Cemitério João XXIII.

Ante minha estupefação, explicou que era barato e tranquilo. Deu vontade de dizer “e perto da gaveta onde vais morar para sempre, e sem a moça”.

Essa raça de pães-duros é difícil de desaparecer, são inextinguíveis, não estão em nenhuma lista de candidatos à extinção. Para eles, dinheiro dá orgasmo à simples visão. Orgasmo duplo quando é visão de dólar.

Até onde sei, e nenhum coveiro ou profissional que lida com exumação relatou, nos caixões não se viu dinheiro. Em alguns casos, mais como vingança para os vivos, cheque pré-datado, quando existiam, e notas promissórias.

Acho que a vingança perfeita seria colocar as mãos na posição “Aqui ó, pra vocês!”. Para os mais atrevidos, colocar o polegar e o indicador em forma de círculo e colar com Superbonder. No mínimo, causaria espanto para quem o visse.

Os vivos serão cada vez mais e necessariamente governados pelos vivos, diz o lema positivista de Auguste Comte. O Barão de Itararé modificou e atualizou a expressão, “Os vivos serão cada vez mais e necessariamente governador pelos mais vivos”. Essa foi a verdadeira revolução dos costumes.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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