Que tal um guisadinho de gafanhoto?
Há 10 anos, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), declarou que gafanhotos, formigas e outros membros do mundo dos insetos são subutilizados na alimentação de pessoas, de animais de estimação e na pecuária. No relatório de 200 páginas, a FAO observava que 2 bilhões de pessoas em todo o mundo já suplementam suas dietas com insetos, que têm alta porcentagem de proteínas e minerais e trazem benefícios ao ambiente.
Os insetos são “extremamente eficientes” na conversão de ração em carne comestível, diz a agência. Episódios sombrios do passado mostram que, na hora da fome, come-se qualquer coisa. Ferviam-se solas e boinas no front russo, fervia-se carne podre de cavalo na Alemanha, para ficar só em dois casos.
Sabemos que os asiáticos comem insetos e que, em alguns países, o preço deles vai às nuvens. Nos anos 1980, um nutricionista inglês chegou à conclusão que gafanhoto era proteína pura e, como tal, deveria fazer parte do cardápio.
O inglês esqueceu que gafanhoto dá muito na África, e que correntes de jato eventualmente os transportam a outros continentes. Quando eu era criança, acho que em torno de 1949, nuvens de gafanhotos liquidaram com tudo que era verde no Rio Grande do Sul.
Teve outra, mais recente, no final dos anos 1990, mas ficou mais restrita à Fronteira Oeste. Nestes dois momentos de praga bíblica, nunca me passou na cabeça que algum dia eu poderia comer inseto. Mas, quem sabe, algum dia isso seja moda, quando cansarem de comer pizza de rúcula com tomate seco, por exemplo. Entre um bom gafanhoto ao ponto e essa pizza, olha…