Papo elevado

25 jul • NotasNenhum comentário em Papo elevado

O inverno “de verdade”, como todos dizem, que ainda não mostrou as caras, desencadeia conversas entre desconhecidos no elevador, repartições, clínicas ou qualquer lugar em que estranhos estejam reunidos à espera de alguma coisa. Até entre casais. O tempo, bom, mau e até normal é um poderoso gatilho de comunicação, catalisado pelas baixas temperaturas deste ano.

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Não há silêncio que resista quando uma das partes ou uma pessoa em um grupo fala uma generalidade envolvendo o tempo. Primeiro por cortesia, depois porque quer dar o seu pitaco, todos engatam o papo. Claro que cada um conta o seu caso de frio extremo, o que usa ou deixa de usar, como se aquece etc.

O prazer do erro

Uma das frases mais ouvidas é “eles erraram de novo “. Eles são os meteorologistas. Com exceção de uns poucos institutos, os acertos são de apenas 39%. É um sentimento entre a vingança e a ironia que o povo usa para os homens e mulheres do tempo.

Derretimentos climáticos

Falar sobre o tempo é derreter barreiras de comunicação. Até o mais tímido entre os tímidos pode entrar na conversa. Há um segundo assunto que possibilita essa interação: doença.

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Consultórios provisórios

Em salas de espera existe uma variedade enorme de “médicos”. Faça o teste: em um grupo de estranhos entre si em relativo silêncio, em um recinto fechado, escolha o rosto mais simpático do grupo. Então olhe para ele e diga algo sobre um joanete, um calo, ou uma tosse que incomoda.

Em minutos, você sai dali com pelo menos meia dúzia de receitas infalíveis. Algumas muito eficientes.

Uma rodovia longe demais

Distantes dos meios de comunicação de Porto Alegre, as histórias tristes e engraçadas que acontecem ao longo da BR-290, que liga o leste ao oeste do Rio Grande do Sul. Especialmente nos postos de combustíveis e seus restaurantes ou lancherias.

Leitora conta que, na altura de Cachoeira do Sul, havia “um moço sentado ali na rua, do lado do posto, com o pescoço ensanguentado. Segundo a moça do caixa do restaurante, eles estão desde às 7h da manhã chamando polícia, ambulância, e até agora nada. Tem dois homens falando com ele. Parece que tentou o suicídio.”

São histórias que se repetem nesse mundo cruel. Vidas com tristezas permanentes. Às vezes, sem nenhum sorriso sequer no meio delas.

Mamãe, olha

Lá atrás a turma dos UFC & Assemelhados inaugurou, nos anos 1990, a pose “Mamãe olha como sou forte”. Fotos com o cara um pouco de lado e o olhar desafiador de lobo mau, braços cruzados e uma ou duas mãos no antebraço.

À medida que os anos foram passando, esse padrão de pose passou a ser constante em comerciais de TV, anúncios mostrando o CEO ou diretores de empresas. Os últimos a copiar a moda foram as empresas de comunicação. 

Braços cruzados é ou era expressão de vagabundagem. Adicionando a ela um olhar desafiador, podemos ter tanto um paradoxo quanto um reforço de rebeldia, digamos assim. O “daqui não saio, daqui ninguém me tira”, travestido de “olha só como somos poderosos”.    

O mais lento dos jatos comerciais tem velocidade de cruzeiro acima dos 700 Km/h, então vem a pergunta: se assim é, como pode uma moda levar mais de 10 ou 15 anos para viajar dos EUA até o Brasil?

Os que dão certo

Edson Herzogues era vendedor de consórcios quando conheceu, em 2007, a proprietária da Bruxa”s Xissburger, em Xangri-lá. A proprietária perguntou se ele não conhecia alguém que quisesse comprar a operação.

Contra tudo e contra todos, ele foi para a guerra. A família morava nos fundos da loja. Na noite da inauguração, entrou tanto dinheiro que ele teve que guardá-lo no banheiro.

Ele optou por não imitar concorrentes usando massa de doce, então colocou massa salgada, talvez um diferencial que caiu no gosto dos consumidores. Deu tão certo que acaba de inaugurar uma loja-conceito. Faturou mais de R$ 300 mil de venda direta no primeiro mês da operação.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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