• As regras do canguru pioram a chiqueta

    Publicado por: • 4 dez • Publicado em: A Vida como ela foi

    Na estranha língua da gente do campo na Fronteira Oeste, existem muitas preciosidades de adaptação de termos estranhos para essa gente. No mundo das drogas, que assusta a peonada e as domésticas, especialmente. Estas foram coletadas ao longo dos anos pela nossa família. Traficante vira CETIFICANTE, e se alguém fizer gato na luz a ligação clandestina é PROLESTINA. Camburão vira CANGURU, e se querem saber, faz todo o sentido. Afinal, camburão leva presos e o marsupial símbolo da Austrália leve seu rebento na bolsa.

    Antigamente, o sinal da TV pegava muito mal por falta de repetidoras. Mas, aos poucos, tudo foi melhorando, inclusive os televisores. Então vieram as TVs de PLASTA em vez de plasma. Menos mal que a criançada tivesse alguma diversão no interior dos interiores, em vez de aprontar alguma para que não fosse preciso acionar o Conselho CONSOLAR.

    Fast food demorou a pegar no interior, o bom era pão com linguiça, mas o catchup já era conhecido pelas cozinheiras de galpão, que a chamavam de CHUP-CHUP. Os cuidados com a alimentação exigiam mais atenção, para que os níveis de NICOSE no sangue não fossem muito altos. Melhor não comer muita costela gorda para não entupir a VEIA LAUTÉRIA, que o doutor chama de veia artéria. Aí era bom ir ao médico na cidade e fazer um ELÉTRICO, O ELETROCARDIOGRAMA.

    Mas para uma coisa não adiantava comida saudável ou exames preventivos, quando a CHIQUETA atacava – a enxaqueca. Pior que ela só quando vinha no período da MISTURAÇÃO, ou menstruação. Acho que a TPM ainda não tem tradução campesina. Aliás, até pouco tempo, na cidade menstruação era algo constrangedor, então as mulheres ficavam com as REGRAS. Esta, pelo menos está no dicionário.

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  • Loucuras de Natal

    Publicado por: • 4 dez • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Não precisa nem chegar perto deles que o vírus ataca todo o sistema imunológico da população. Tipo aqueles zumbis dos filmes, com a única diferença é que zumbi de filme caminha devagar. É uma insanidade. O trânsito é uma loucura. Todo esse povaréu indo para shoppings comprar antes que a turba tenha a mesma ideia, mas qual o quê. A turba teve a mesma ideia.

    Houve época, quando eu ainda conseguia tirar uma ou duas semanas de férias em dezembro, exatamente para fugir da loucura. Acho que a ideia pegou geral. E sempre vem o paradoxo das férias, com o povo saindo da cidade que começa a esvaziar para ir à praia que começa a encher.

    Imagem: " target="_blank">Freepik

    O SACO NATALINO

    Sempre tive a impressão que o saco que o Papai Noel não é para guardar presentes, mas que é o dele. Imagina aguentar o calorão vestido daquele jeito.

    A FIM DA CASINHA

    Imagem: web

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    O governo Bolsonaro anunciou ontem o maior programa de saneamento básico da história brasileira. Vai atingir paulatinamente cerca de 20 milhões de pessoas do meio rural em todo o espectro de um dos nossos maiores pecados mortais, o saneamento básico, falta de rede de esgotos e, consequentemente, todas as doenças decorrentes.

    Ninguém fez um recenseamento para saber quantas casinhas e fossas cloacais existem no Brasil. O “recurso”, como diz o povo, contaminou e ainda contamina lençóis freáticos de norte a sul. E dejetos da “patente” tem o mesmo fim – quer dizer, início da contaminação.

     DEU NO SITE

    Deu no site Espaço Vital: a ex-presidente Dilma Rousseff está requerendo junto à Comissão de Anistia uma indenização de R$ 11 mil mensais por torturas sofridas quando esteve presa durante o regime militar.

     HARAQUIRI

    Achei engraçado o deputado federal gaúcho Bibo Nunes dizer que o gancho de 1 ano que levou da direção do PSL é pouco, que “merece” pelo menos 3 anos. O perigo é os caciques do partido acharem que é uma boa ideia.

     O PIBE…

    A economia cresceu 0,6% no último trimestre, o que permite prever um PIB – o “pibe”, como diz um deputado famoso – de 1% com tendência de alta. Claro que a turma do não sempre dirá que é pouco. Considerando a base de cálculo, não é pouco. Afinal, sair de um buraco de três metros para chegar a poucos centímetros acima da borda é uma façanha.

    …E O BIPE

    O causo foi o seguinte: há anos, um deputado gaúcho subiu na tribuna para homenagear o aniversário do Jornal do Comércio. No discurso, repetia que primeiro lia o poderoso rotativo para saber se o “bipe” ia subir ou cair. Foram pelo menos três bipes.

    PEQUENOS ASSASSINATOS

    O jornal Metro vai parar de circular diariamente em Porto Alegre. A última edição será dia 20. Foi um acerto gráfico da Bandeirantes em fazer parceria com o grupo sueco, especializado na distribuição de jornais gratuitos. O custo editorial era muito baixo. Aqui, a redação do Metro na Band tinha três pessoas no início. A causa mortis foi redução de anúncios na mídia impressa.

    INJEÇÃO NA TESTA

    A distribuição do Metro nas esquinas de Porto Alegre faz – fazia – parte da paisagem. Eu sempre achei interessante como os motoristas pegam todo e qualquer panfleto comercial que é distribuído nas sinaleiras. Todos estão carecas de saber que não é dinheiro, bilhete premiado ou algum produto grátis, mas mesmo assim pegam. Porque é de graça. De graça até injeção na testa, como diz o povo.

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  • Homens vivem de esquecimento; mulheres, de memória.

    • T.S. Elliot •

  • O que há de errado com críticas ou como arruinar um bom relacionamento

    Publicado por: • 4 dez • Publicado em: Artigos

    Harry Fockink

    Ao longo das últimas décadas, tenho acompanhado empresas familiares e famílias empresárias e percebido que muitas coisas são similares entre elas, independentemente do quadrante do mundo em que se encontrem. Um dos aspectos que mais pesa na sua não perenização é a degradação das relações entre os familiares que as compõem. Dos itens que levam a essa degradação, criticar em vez de dar feedback pesa muito. É a fonte de grande parte dos ressentimentos.

    Há pouco tempo, em um artigo do criador do conceito de Flow (Fluxo), Mihaly Csikszentmihalyi, deparei com um conteúdo interessante a respeito. Esse psicólogo de nome impronunciável se referiu a um estudo de Steven Stosny, um Ph.D., que trata essencialmente pessoas com problemas de raiva e relacionamento. O conteúdo que segue está baseado nas constatações do Dr. Stosny. Considerei-as de grande validade para o ambiente das famílias empresárias, pois aborda as consequências negativas da crítica.

    Citando Oscar Wilde, Dr. Stosny começa o referido artigo, com a seguinte frase: “A crítica é a única forma confiável de autobiografia” e segue afirmando que ela diz mais sobre o crítico do que das pessoas criticadas. E que profissionais experientes podem formular uma hipótese diagnóstica bastante precisa de alguém, apenas ouvindo suas críticas.

    O artigo segue afirmando que “a crítica também é o primeiro dos famosos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, de John Gottman, usados por ele para prever o divórcio de casais, com mais de 90% de precisão. Pelos estudos de Gottman, é o mais insidioso, seguido de perto por outros três – humilhar ou constranger, ficar na defensiva (vitimismo – tender a se sentir criticado ou julgado) e, por último, mas também importante, ignorar ou desprezar o outro.”

    Se vale para a relação matrimonial, vale para o restante das interações familiares? Evidente que sim, pois segundo o Dr. Stosny, a crítica será destrutiva para quaisquer relacionamentos quando:

    • For sobre a personalidade ou caráter, em vez de comportamento específico, ou a premissa em questão,

    • Vier carregada de acusação ou julgamento (culpar),

    • Não enfocar a melhoria,

    • Estar fundamentada em que há apenas um “caminho certo” para fazer as coisas (o de quem critica),

    • Humilhar o outro (Para diminuir outro, você tem que ser pequeno – Gibran).

    Ainda conforme o referido PhD, “a crítica nos relacionamentos com pessoas próximas, no início, na maioria dos casos se dá usando um tom de voz normal e aumenta com o tempo, formando uma espiral crescente de ressentimentos. A pessoa criticada sente-se controlada, o que ela instintivamente rejeita, isso frustra o parceiro que critica. Este então aumenta o tom de como se manifesta, piorando, no outro, a sensação da busca do controle sobre ele, e assim a relação entra em um processo vicioso cada vez pior – uma espiral negativa.

    Por que a crítica não funciona?

    Em nenhum momento, nessa espiral, um fato óbvio ocorre para a pessoa que critica: com a sua atitude, ela fracassa totalmente em obter uma mudança de comportamento positiva. Qualquer ganho de curto prazo que se possa obter gera ressentimentos que um dia vêm à tona e isso tende a se tornar uma explosão de raiva ou um rompimento definitivo.

    Em síntese, a crítica falha porque incorpora duas coisas que os seres humanos odeiam:

    1. Ela demanda a submissão do criticado, e odiamos nos submeter.

    2. Ela desvaloriza, humilha, e odiamos nos sentirmos diminuídos.

    Se por um lado as pessoas detestam se submeter, por outro, gostam de cooperar. As pessoas críticas parecem ignorar um ponto crucial sobre a natureza humana: quem é valorizado coopera; quem é desvalorizado resiste, ressente-se e rompe, ou pior, vinga-se. Se alguém quiser mudar o comportamento de um parceiro, filho, parente ou amigo, primeiro deve mostrar o valor que a pessoa tem. Algo real. Se quiser resistência, basta criticar.”

    Em um próximo artigo vou abordar outros conteúdos do Dr. Stosny, entre eles, como saber se somos pessoas tipicamente críticas, qual a diferença entre e como passar a dar feedback em vez de criticar.

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  • A coxinha

    Publicado por: • 3 dez • Publicado em: A Vida como ela foi

    Em uma das incursões pelo Litoral gaúcho, o jornalista Osni Machado chegou na lancheira para comer algo. Estava com vontade de um alimento feito na hora. Então perguntou para o homem no balcão.

    – O que o senhor tem para comer, que tenha sido feito agora?

    Ele respondeu:

    – Tem várias coisas, como sanduíche, uns bolinhos de carne e coxinha de galinha, entre outros.

    Osni olhou pelo vidro do balcão e então escolheu um.

    – De que é feito aquele ali?

    Ele respondeu de imediato.

    – Esse aí é uma novidade. É coxinha de peixe.

    Naquele momento o Osni não compreendeu. Era um paradoxo.

    – Como assim coxinha de peixe. Peixe não tem perna, muito menos coxa.

    O vendedor, então explicou:

    – Estamos fazendo coxinha de frango e aí o cozinheiro ficou sem carne frango e passou a fazer o recheio com peixe. Deste modo, virou coxinha de peixe.

    Quando o colega contou o causo, falei que era liberdade poética, então o balconista estava cometendo uma.

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