Os mutantes
Não sei como o biólogo francês Jean-François Bouvet é considerado pela comunidade científica, mas seu livro “Mutantes, como será o amanhã?” certamente é uma das coisas mais instigantes que se escreveu nos últimos tempos. Basicamente, enfoca o que ele chama de uma inédita “retroevolução” da humanidade nos últimos 200 mil anos.
Não é uma evolução darwiniana, assegura o biólogo, mas seus argumentos são formidáveis. Bouvet sustenta que a humanidade passa por um Big Bang químico por conta da exposição ou consumo de agentes químicos de toda ordem, inclusive antibióticos.
No dizer de Bouvet, estamos ficando mais altos, mais obesos, sexualmente precoces e cada vez mais inférteis. Alguns dos números do biólogo: nos últimos 50 anos, os franceses ficaram 5cm mais altos, e o número de obesos no mundo dobrou. Além disso, a produção de esperma diminuiu 40% nos últimos anos.
O homem perde cada vez mais traços masculinos, com a redução de testosterona. Também é só olhar em volta. Lembra como nós com 1m80cm éramos os altões nos tempos de colégio, anos 50/60, e como somos “baixinhos” hoje?
Quanto à obesidade, também é só olhar em volta. Como escrevi aqui há dias, olhe as fotos de veranistas nas nossas praias até os anos 60: a maioria é constituída de magrões.
Nos EUA, uma em cada quatro crianças atinge a puberdade aos sete anos, e por aí vai. Puberdade chega aos sete anos em várias regiões do mundo, diz Bouvet.
Engraçado isso, fazemos filmes sobre mutantes e mal sabemos que somos um deles.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
