Os distritos eróticos

16 fev • A Vida como ela foiNenhum comentário em Os distritos eróticos

Até o início dos anos 1990, o trecho inicial da rua Cristóvão Colombo mantinha algumas operações em nada condizentes com a placidez dos prédios “família” do trecho, entre a bifurcação com a Alberto Bins e o início, na rua Barros Cassal. Inclusive o prédio onde morava um vice- presidente da República, nos anos 1970, quando retornava de Brasília.

A convivência incomodava a vizinhança. Mas como o ruído interno das boates mantinha-se no seu devido lugar, não houve guerra declarada.

Observando este trecho a partir da Barros Cassal, logo após a esquina, à direita, havia o bar-Chopp Carcará, corruptela da música de Maria Betânia com o nome do proprietário Cará. Ele fora jogador do E.C.Cruzeiro. Portanto, o estabelecimento tinha decoração de seixos pintados de branco incrustados no cimento.

Anos depois, mudou o nome para Boate do Waldemar. Boate em termos, pois quase ninguém dançava. Eram ponto de encontro em que coexistiam a fome e a vontade de comer. Assim como quatro vizinhos, do lado oposto da rua, eram locais onde as moças procuravam diversão remunerada, por assim dizer.

Um pouco abaixo do Carcará, o George’s Bar, a primeira uisqueria de luxo de Porto Alegre. A outra era o Wiskey Center, em galeria da Riachuelo, perto da Borges de Medeiros.

Voltando à Cristóvão, havia o lugar simplesmente chamado de “Os espanhóis”. A Nega Tereza, Isidoro, no 36, ex-Bob’s Bar dos anos 1960 início dos 1970, o melhor croquete de peixe da cidade, crocante com molho remolado.

Mais para a esquina, ao lado do posto de combustíveis, o Lacave. Este era bem mais amplo que os demais, cujo dono era um cidadão conhecido como Dezoito.

Naqueles tempos, a bebida nacional era o uísque. Para beber uma marca estrangeira, só rico. E com alto risco de beber produto falsificado, porque outra mania nacional era falsificar este destilado. O produto final era tão ruim que fígados explodiam, deixando caquinhos a quilômetros de distância.

Espumante é coisa atual. À época, só em bailes, reuniões dançantes, festas de família, Ano Novo e, eventualmente, no Carnaval dos clubes sociais.

Não muito longe dali começava o Distrito Erótico da Farrapos, mas esta já é outra história.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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