O sapato nosso de cada dia

2 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em O sapato nosso de cada dia

Ao mexer nos meus sapatos, deparei-me com um modelo 1978 que já deve ter caminhado o equivalente a 500 mil km de um automóvel. Digamos que fosse como um Ford Landau, luxuoso, confortável.

Comprei em São Paulo, no mesmo dia em que fiz outra aquisição, uma gravata Christian Dior com listras vermelhas e pretas. Também durou todo esse tempo, até o fim da moda de usar gravata.

Minha mulher deu de mão nela e a transformou em um algum acessório. Não fui no enterro, recusei-me a participar desse ato terrorista.   

Sapatos eram feitos para durar. O meu 1978 está quase como novo por fora: por dentro está como os seres humanos, cheio de idiossincrasias. Tenho pena de jogá-lo fora, o fiel companheiro que me suportou por tanto tempo – literalmente.

Quanto à gravata, tenho um episódio para mostrar como ela atraía atenção. Ao sair do avião em um voo para o Rio de Janeiro, a comissária olhou para a  Christian Dior e falou.         

– Como é bonita essa gravata! Só no fim da escada me dei conta que ela podia estar me cantando. Jamais saberei porque não dava mais para voltar à cabine.   

Eu e minha ficha que não cai.

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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