O mundo maravilhoso da bagunça

1 set • NotasNenhum comentário em O mundo maravilhoso da bagunça

Quando Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo não sabia que, no futuro, o corretor de texto da Samsung não reconheceria a palavra “admirável” e a substitui por “adorável”. Escrito em 1932, o romance se passa em Londres no ano 2540, antecipando tecnologias novas e manipulação genética e manipulação psicológica entre outras profundas mudanças na sociedade com um sistema de castas como na Índia. Não sei se Aldous fumava maconha, mas ficaria espantado ao saber que o uso da canabis suplantou o tabaco comum nos Estados Unidos. Mas isso é o de menos.

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Já estamos lá

Não precisamos chegar a 2540 para ter um sistema de castas. No Brasil, onde mais propagaram, temos a casta que paga imposto sobre o salário, mesmo ganhando merreca por mês. A casta das corporações das estatais. Acima dela tem a casta das carreiras de Estado.

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Outra é a casta dos políticos. Depois é a casta dos coitadinhos, os imexíveis. Façam o que fizerem, não se pode tocar neles. Nem mesmo falar deles na imprensa. Com o avanço dela, professora que xingar aluno por um bom motivo é processada pelos pais que protegem seus pimpolhos, mesmo sabendo que eles terão uma boa chance de serem poltrões no futuro.

Geração Nem-Nem

Outra casta é da geração Nem-Nem, nem trabalha nem estuda e ainda mora com os pais dependendo de mesada. Seria um sistema social perfeito, não fosse o detalhe que, um dia, a fonte secará. Mas não estão nem aí, porque papá e mamã garantem que não sejam despejados do lar de onde deveriam ter saído tão logo aparecessem os primeiros fios de barba. Este grupo faz parte da Geração P, de Poltrões futuros. Podem traduzir para moloides, como se dizia nos anos 1970.

Molhar palavras e ideias

Boa parte, rumo à maior parte, usa algum tipo de droga legal ou ilegal no dia a dia. São eles que tomarão decisões cruciais nas empresas, e nos governos. Os americanos chamam beer de “alterar a consciência”. Feliz definição.

Não sou contra ´(nem a favor) da bebida. Só faço essa constatação. Preciso dizer isso claramente porque alguém sempre vai ver chifre em cabeça de cavalo.

Quem mata mais

Em 1974, trabalhei no jornal Folha da Manhã, da antiga Caldas Júnior. O hoje DNIT, antes DNER, fez a primeira pesquisa relacionando acidentes com vítimas em rodovias federais com álcool na direção. Deu que, em 40% deles, os motoristas envolvidos estavam com a cabeça molhada por bebida. Ao ver esse percentual, um colega deu de ombros.   

– Tá vendo? Quem causa acidentes são os 60% que não bebem.

Quero voltar para casa

No final dos anos 1970, um grupo de uruguaianenses que repartiam um apartamento em Porto Alegre fez uma pegadinha com um colega muito simplório e despreparado para a hostilidade da cidade grande. Atrás do rádio colocaram uma gravação reproduzindo o maior radiojornal da época, acrescentando uma última notícia.       

–  Atenção, atenção! Notícia extraordinária. Está provado que a Terra vai se chocar com a Lua em menos de um mês! Sentadinho numa poltrona da sala sob o olhar divertido dos amigos para ver sua reação, o B. fechou a revista Pato Donald que estava lendo e falou para si mesmo.

– Vou voltar para Uruguaiana…

Dou razão. Cada um, em algum momento da vida, quer voltar para casa onde nasceu e, como ir para  Passárgada, ser rei e escolher a mulher que ama para dormir na cama que terá.

Momento fofo

Um meteorologista de Porto Alegre falou que o frio seria  “gelado” Ainda bem que ele explicou. Podia confundir com um frio quente…

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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