O fio da desgraça

21 set • A Vida como ela foiNenhum comentário em O fio da desgraça

Videocassetedas que pululam nos programas de TV com os mais diferentes nomes permeiam o mau gosto. Quedas em que alguém se machuca são as preferidas, especialmente quando são homens que ferem as partes pudendas. Que mundo de sádicos é esse?

Nós éramos ingênuos nos nossos verdes anos. Sacanagem maior era apertar a campainha da casa de alguém e sair correndo, ou usar um dos poucos telefones e ligar para a farmácia perguntando se tinha álcool aberto (a granel). Caso a resposta fosse positiva, a gente dizia “então fecha senão evapora!”

Certa vez, eu fiz uma que me causa remorsos e arrependimento até hoje. Uma dessas brincadeiras era soltar uma cédula de dinheiro de valor considerável e passar um fio de nylon por um furo. Na outra ponta estava eu, glorioso na patetice. Então sentei na mesa de um café do bairro e esperei a vítima.

Era uma mulher. Viu a nota, agachou-se e, quando ia pegá-la, eu a puxei. Nunca esquecerei a cara que ela fez. E foi muito pior que isso. Era uma garota linda de morrer pela qual eu estava apaixonado. E ela fazia olhinho pra mim.

Adivinhem o olhinho que ela fez depois. Havia um brilho assassino nos olhos dela. Adeus para sempre, paixão.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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