O fim das cartas

30 maio • NotasNenhum comentário em O fim das cartas

Quase todos nossos deveres e prazeres escritos de antigamente foram transformados na alquimia da internet. O telegrama, que era caro para caramba, hoje é o Twitter, de graça.

Poucos lembram que, nas cidades grandes, tínhamos o fonograma, que, no caso gaúcho, era da CRT. Não era tão utilizado como o telegrama, posto que a curta mensagem era de bairro para bairro e até para a mesma rua.

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Mas o que desapareceu foram as cartas, especialmente cartas de amor. Pelo Face ou Instagram não tem graça.

Cartas manuscritas eram trocadas entre amigos e parentes distantes. Mas cartas de amor tinham um sabor todo especial porque demorava para chegar ou para receber a resposta.

Quantos namoros e casamentos foram desfeitos ou não se concretizaram porque demoravam a chegar ou eram extraviadas pelos Correios. Cortejar uma mulher exigia uma aproximação prévia que geralmente iniciava com uma carta.

Cartas e flores

As mulheres escreviam muitas delas. Era comum que colocassem uma pétala de flor com perfume, como jasmim, para deixar a missiva perfumada. Era sinal de afeição e um “sim” à pretensão do aspirante a namorado ou marido.

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No espaço entre escrever e receber, o mundo parava para os dois. As cartas eram lentas, os amores também se construíam com paciência.

É incrível como passamos dos tempos de vagareza consistente para a ligeireza sem tomar gosto de hoje. Como uma sobremesa que se engole sem antes saboreá-la.

O futuro fica no espaço

Dólar, yuan, libra, provavelmente as moedas fortes e fracas estão com os dias contados e servirão apenas para operações paroquiais,  intercomunidades. Serão substituídas por moedas virtuais. Mas é um cenário muito complicado, dentro da lógica humana que tudo que é simples precisa ser complicado.

São 52 tipos de moedas digitais, e todas elas foram criadas após o bitcoin. São chamadas de altcoins e, entre elas, existem as memecoins, as stablecoins e os utility tokens.

Em comum, todas usam a tecnologia disruptiva chamada de blockchain. Agora imagina a cena. Alguém chega no balcão de um pé-sujo e pede uma cerveja. O dono pergunta como ele quer pagar dando as opções.       

-Temos memecoins,  stablecoins e os utility tokens.  

Estupefato, o vivente sacode uma nota de 20 reais e a mostra para o bodegueiro, que sacode a cabeça.     

– Lamento, mas não trabalhamos com moeda extinta.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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