O espaço que nos cerca
É cada vez menor. Inclusive o vertical. As cidades nos encapsularam como blister de remédio, vivemos cercados por asfalto e cimento, paredes opressiva. De vez em quando com alguma pincelada. A cidade grande é uma fraude. Vocês das pequenas cidades do interior, façam de tudo para não crescer. Proíbam a entrada de engenheiros e construtoras.
Foto: João Mattos
As cidades grandes discutem seu futuro, como se fosse possível prisão ter futuro. Verdade, jardins e jardins horizontais nas casas e coberturas e jardins verticais são uma aragem de alívio no deserto.
As cidades grandes discutem o fim do automóvel de combustão interna e da poluição. Mas esquecem que construir um automóvel elétrico gera toneladas de CO2. Não existe almoço grátis. Existem pneus, óleos lubrificantes, vidros, baterias que ameaçam os lençóis freáticos.
Quero a volta dos tílburis, das carruagens e dos cavalos. Cocô de cavalo é adubo. E entre a fumaça poluente e ele, prefiro o cocô do cavalo.
Quando se vai a cidades ou vilarejos da nossa infância, dói ver que o arroio em que tomávamos banho está poluído, que o mato foi derrubado e a vida mansa deu lugar aos McDonald’s e som ensurdecedor de músicas que só os zumbis jovens curtem. Primeiro os prefeitos pedem asfalto, em seguida quebra-molas.
Um ser humano ano descarrega diariamente cerca de 300 gramas de dejetos. Pegue uma cidade de 1 milhão de habitantes e use a calculadora do celular para ver o total. Agora multiplique 300 por 220 milhões de brasileiros, depois por 7 bilhões de terráqueos.
A frase “este mundo é uma merda” começa fazer sentido, não é mesmo?