O capricho do Rolls Royce
Em 1958, a poderosa agência americana Ogilvy & Mather desenvolveu um anúncio que ficou célebre. Criado por David Ogilvy, mostrava que o único barulho que se ouvia dentro de um Rolls Royce era o tique-taque do relógio elétrico. E era mesmo. Essa marca inglesa de altíssima qualidade (hoje alemã, sai dessa Marechal Harris) foi fundada em 1903 e, até hoje, 65% dos carros por ela produziu continuam rodando.
Também pudera. É tudo feito no capricho, na maior parte, manualmente, pelos melhores dos melhores. A carroceria de alumínio pesa apenas 550 Kg, para soldar o teto, dois soldadores devem trabalhar um de cada lado e soldar 40 cm ao começar e terminar ao mesmo tempo. A rigidez é tal que precisa de quatro toneladas de pressão para torcer a carroceria em apenas um grau. São cinco camadas de pintura, 45 quilos de tinta.
Todos eles podem ter a cor que o dono quiser e também a decoração interna. Só o polimento dura cinco horas, e sem robô. Um risquinho que seja, incluindo o couro dos bancos, e tudo recomeça do zero. Há dezenas de detalhes assombrosos na fabricação de um Rolls que justificam seu preço. Ele é interminável. Já nos anos 1930, dizia-se que ele foi feito para rodar 1 milhão de quilômetros. Passou.
Outras marcas também fabricavam carros para rodar centenas de milhares de quilômetros, mas o Rolls é imbatível. Não estou aqui pretendendo que todos os automóveis tenham igual rigor, mas em um tempo em que até um parafuso vital para a segurança tem obsolescência programada, é um caso clássico e eterno.
Longa vida à Rolls Royce.